Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 18, 2007

Reinaldo Azevedo - Uma PF descontente e um recado

VEJA on-line: Blog | Reinaldo Azevedo


Todos os acusados da Operação Navalha são culpados? Vamos ver. A biografia de alguns poderia ser uma folha corrida. Há muita gente graúda metida nessa história — quando menos, o principal acusado, Zuleido Soares Veras, tem uma impressionante capacidade de fazer amigos poderosos. Governos no mundo inteiro olham com cuidado a congênere de sua Polícia Federal. E a trata com carinho. A PF costuma saber tudo dos políticos; os políticos, no entanto, quase nada da PF. O órgão foi, como vocês sabem, a menina dos olhos do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos. Sua cantada eficiência para prender alguns bacanas não se mostrou nem de leve em dois casos importantes: mensalão e dossiê antitucano. Toda a notável agilidade em casos envolvendo alguns figurões se mostrou paquidérmica em casos envolvendo petistas. Acusação? Não. Constatação.

A PF está descontente. Muito descontente. Um pedaço dela, lá na Bahia, esta em greve por tempo indeterminado. Por quê? Em fevereiro do ano passado, Bastos negociou um reajuste de 70% para os policiais federais, dividido em duas parcelas de 35%. A primeira saiu; a segunda, ninguém viu. Greve justa? Não existe greve justa de servidor público — nem que seja contra o governo Lula. Pois bem, a polícia está mesmo chateada. Outro que não parecia feliz era o ministro das Relações Institucionais, Mares Guia. Muita gente da base governista envolvida nas prisões.

Vejam só: há muita gente graúda que caiu vítima da navalha — ou amigo de graúdos: Renan Calheiros e José Sarney são os mais evidentes (além de um ex-governador de Estado), mas isso ainda está longe de ser a nata do poder. Ainda que, desta feita, esta ação resulte em processos juridicamente perfeitos para manter eventuais ladrões na cadeia, é necessário dizer: são peixes relativamente pequenos. E me parece que estão servindo como um misto de exemplo e ameaça. Este blog apurou que há muita gente um tanto assustada dentro do próprio governo. E há quem defenda que se conceda logo a outra metade do reajuste que fora prometida.

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