Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, maio 15, 2007

| Reinaldo Azevedo -A greve das Mafaldinhas e Remelentos contra os decretos-Gasparzinho

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A

Para todos os efeitos, começa amanhã uma greve na USP. Ao menos ela foi decretada pelas Mafaldinhas e Remelentos. Mas não só. O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo) resolveu unir a sua "luta" à dos estudantes. Esse sindicato é notável pelos métodos violentos a que recorre quando quer parar a universidade. Ou consegue fazer valer a sua vontade ou usa o seu caminhão de som para infernizar a vida das faculdades que não param. Se preciso, como prova um vídeo que já postei aqui, parte para o confronto físico. Ainda que os estudantes não queiram parar, uma greve bem-sucedida promovida por esse aparelho de extrema esquerda pode tornar as aulas inviáveis, já que cessa toda a estrutura de serviços da universidade: da administração à limpeza dos banheiros.

E por que a greve, já que a reitoria acatou praticamente todas as reivindicações dos estudantes? Ah, será contra "os decretos" de Serra. Quais decretos mesmo? Os decretos-Gasparzinho. No dia 7, publiquei aqui um post fazendo o elenco das três questões-chave que agrediriam a autonomia. Republico um trecho:

Contingenciamento de verba – É mentira. No começo do ano, houve um contingenciamento válido para toda a administração. Para as universidades, significou apenas 1,5% de seu orçamento. Não lhes faltou dinheiro porque estavam com o caixa cheio. A USP tinha R$ 1,2 bilhão.
Ocorre que esse contingenciamento só valeu enquanto não se votava o Orçamento. Já está votado. Não existe mais. Acabou. A questão, ademais, é surrealista mesmo no que diz respeito àquele 1,5%. Ele só existia porque, em dezembro, em razão de uma anistia fiscal decretada pelo então governador, Cláudio Lembro, houve um aumento da arrecadação. O repasse correspondente a esse aumento só deveria ser feito em janeiro. Mas janeiro já estava sob a égide do novo Orçamento. E não se podia fazer a suplementação sem a autorização da Assembléia. De todo modo, reitero: isso já está resolvido. A causa se extinguiu.

Secretaria de Ensino Superior – Por que os reitores e os professores que dão apoio intelectual à baderna não vêm a público para dizer quando é que as universidades não estiveram subordinados a alguma secretaria? Sempre estiveram. Antes, era à Casa Civil; depois, à Ciência e Tecnologia. Por que a criação de uma nova secretaria fere a autonomia?

Cruesp – Existe um troço chamado Conselho de Reitores das Universidades de São Paulo (Cruesp).Não delibera nada. Não decide nada. Mal se reúne. Desafio um dos três reitores a me dizer aqui qual é a decisão importante tomada pelo órgão. Com a criação da nova secretaria, o titular da pasta passou a fazer parte do grupo. Decreto do governador determinou que o secretário o presidiria. Os reitores chiaram. Pronto. O decreto foi mudado. A presidência está com eles. Como sempre.

Vale dizer: não existem mais nem mesmo os motivos da greve. Carta de ontem dos reitores afirma que a autonomia universitária está intocada. Caso Serra chamasse os estudantes para indagar: "O que é que vocês querem?", eles não teriam o que dizer. Talvez lhes restasse contar a verdade: "Queremos um governador do PT".

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