FOI UMA DAS piores semanas da Câmara. Infelizmente, estive dentro de um dos episódios, por assim dizer, desagradáveis. Aconteceu quando eu criticava a forma como os deputados se deram o aumento. Afirmava que isso só seria possível em um contexto de corte de gastos. Havia estudos sérios e possibilidades para economizar.
Em seguida, afirmei que não devolveria o dinheiro do aumento, como fiz com o concedido no período Severino. Isso porque não estava convencido de que a Câmara gastava bem. E terminei dizendo que tinha dúvidas quanto ao investimento que levou um avião cheio de deputados ao Uruguai.
Não sabia exatamente o número. Ao expressar esta dúvida e outras num ponto do plenário, o fiz a um deputado. Ele foi ao microfone e apresentou minhas dúvidas como se as tivesse formulado como verdades definitivas.
Foi o suficiente para que o presidente me classificasse de desonesto intelectualmente, algo que é muito comum quando os petistas falam de mim. A maioria do plenário se irritou ostensivamente. Um macaco velho sabe que, quando questiona uma viagem, apenas os que a fizeram protestam.
Os restantes, ou por ignorarem os critérios de escolha, ou por duvidarem dele, ficam tranqüilos. O problema era o aumento de salário. Mas a viagem dos deputados ao Uruguai pode ser questionada, sem necessariamente nos destruirmos. Não posso imaginar a França mandando um avião de deputados para Bruxelas.
Considerado o número, em torno de 40 parlamentares e poucos assessores, é mais barato um avião da FAB. O problema é o número. Se há 18 titulares e 18 suplentes, porque mandar estes últimos? Não trazemos suplentes ao assumir.
Eles se ambientam quando chamados a ocupar o cargo. Era um parlamento nascendo. Mesmo assim, o que o fortalece não é o número, mas as idéias sobre a integração. Os deputados pagaram suas despesas pessoais. Talvez o melhor seja projetar discussões mais brandas no futuro. Como devem fazer os canadenses e os franceses. Em ambos os Parlamentos, há comissão especial para definir viagens e obter delas o máximo de resultado.
Pessoas certas para as tarefas certas é um estímulo à produção de bons relatórios.
Assim que cicatrizarem as feridas, será possível discutir uma proposta. Não há sentido permanecer no Parlamento sem tentar melhorá-lo. Uma política de abertura para o mundo, sobretudo com o dinheiro público, significa humildade para aprender e capacidade de interiorizar as boas idéias. Vamos sair em busca de semanas diferentes da que passou.
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