APESAR DE TER chegado aos 79 anos, nunca havia sequer chegado perto de um papa, embora, durante toda minha vida, nutri uma enorme veneração por papas que atingiram com profundidade os recantos da minha alma, como foram os casos de João 23 e, especialmente, de João Paulo 2º.
Deus me reservou o privilégio de, junto com minha esposa, Maria Regina, desfrutar do aconchego, do carinho, da simplicidade e da humildade de Bento 16. Esse foi, sem dúvida, o momento mais emocionante da minha vida: tocar nas mãos do santo padre para sentir o calor do seu afeto.
Joseph Ratzinger impressionou-me pela sua indiscutível bondade. É um homem modesto, afável, amoroso, culto e inteiramente dedicado à propagação dos valores morais, que, aliás, fazem tanta falta no mundo de hoje. Nestes tempos tão difíceis, Deus soube escolher bem -e nem poderia ser diferente- um seguidor de Pedro, que é plasmado para ajudar um rebanho conturbado e que precisa encontrar a luz nos caminhos da ética.
A firmeza com que o papa Bento 16 trata a questão dos valores chega a chocar o mundo. Mas a sinceridade com que prega os ensinamentos de Deus o distingue como um pastor que sabe diferenciar muito bem o que alimenta e o que envenena a alma humana. Ele tem a firmeza da qual a juventude se ressente. Bento 16 veio para transmitir lições que foram abandonadas pelas famílias que se desorganizaram; pelas escolas que se desorientaram; pelas instituições que se desmoralizaram.
Ele nos alerta para certos desvios de condutas que se transformaram em normas de comportamento. Verdadeiros absurdos.
Foi essa mensagem que Bento 16 levou aos milhares de jovens que se reuniram no estádio do Pacaembu.
Com a paciência de um santo e a pedagogia do verdadeiro mestre, o papa pregou sem exigir, ensinou sem repreender e marcou sem interferir a todos os que ali estiveram. Com a delicadeza de um sábio e o amor de um pai, sugeriu aos rapazes e moças que respeitem a si mesmo para que possam ser respeitados.
Os jovens souberem ler as entrelinhas. Entenderam que a lição de Bento 16 é para não banalizarem seus corpos e muito menos suas almas. Compreenderam a sugestão para valorizarem o que é a parte essencial da obra de Deus -suas vidas. E que só dessa maneira poderão construir famílias fortes.
É disso que todos precisam. De uma juventude que seja sadia no corpo e na alma, no respeito à natureza e na formação das futuras gerações. Essa é a grande chance para chegar a um mundo melhor.
Obrigado, Bento 16, por ter dedicado aos nossos jovens tanta atenção. Que Deus nos ajude a concretizar os vossos pedidos.
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.