São Paulo está ganhando a guerra contra o crime e, em seis anos, derrubou à metade os casos de homicídio. Em Medellín, o crime despencou. Entre os jovens que cometem crimes que passam por terapia familiar, apenas 20% voltam a ser presos; entre os que não passam por terapia, 80% voltam ao crime. Quem diz tudo isso é o criminólogo Gláucio Soares.
A palavra soa estranha, mas a necessidade faz o especialista. E hoje o Brasil precisa de especialistas em violência vindos de todas as áreas. O olhar técnico ajuda a entender o fenômeno e a traçar estratégias contra o problema que nos apavora a todos. Nem sempre a violência é o que parece e, para afastar mitos e equívocos, Gláucio — professor do Iuperj e blogueiro (conjunturacrim inal.blogspo t.com) — tem trabalhado.
Ele acha que o movimento dos governadores do Sudeste foi uma boa iniciativa que pode dar bons resultados, mas pensa que eles olharam na direção errada.
— Eles se reuniram para pedir ao governo federal, mas há muita coisa que eles podem fazer juntos, como trocar informações entre as polícias.
Pelos seus estudos, é possível ver que, no Rio e em São Paulo, a taxa de criminalidade é diferente, dependendo do governo (veja gráfico). Na Colômbia, há diversas experiências.
— Em Medellín, onde o crime misturava a guerra civil com drogas, o combate foi com medidas de força. O crime resistiu, mas depois despencou. Em Bogotá, houve queda de homicídio, mas também de morte nas estradas.
Em Cali, o prefeito Roberto Guerrero fez algumas experiências que reduziram os homicídios, mas depois eles voltaram a subir.
Como se pode ver no gráfico, há três histórias diferentes no mesmo país, dependendo da cidade, o que mostra que as experiências da Colômbia precisam ser mais bem estudadas.
O que funciona mais: aumentar o rigor das penas ou investir na recuperação dos criminosos jovens? Gláucio acha que o mais importante é fazer com que o crime seja desvendado, porque a impunidade não vem da pena baixa, mas da falta de capacidade da polícia de pegar o criminoso.
— No Rio, a taxa de resolução dos crimes está em 12%; em São Paulo é 40%; em Recife, é baixíssima.
Quanto à recuperação, Gláucio exibe dados do êxito da terapia familiar em se evitar a reincidência dos jovens no crime (veja gráfico).
Entre os vários lados dessa complexa questão, está o do usuário de drogas.
— Não existe tráfico sem usuário; não existe mercado sem consumidor. E o usuário, se é branco ou da classe média ou alta, sabe que não será preso porque tem bom advogado. Ou libera geral e se enfrentam outros problemas, ou continua proibido e todos são punidos — diz.
A violência atinge as pessoas de forma diferente. A taxa de homicídio de homens é dez vezes maior que a das mulheres; dos homens jovens é muito maior.
Dos negros, é alarmante.
— Se a taxa de homicídio dos negros fosse igual à dos brancos, sete mil vidas de negros seriam poupadas por ano. Para se ter uma idéia do que isso significa, se ficasse um sobre o outro, teríamos 30 prédios do tamanho do World Trade Center.
Isso é racismo na sua expressão mais pura. O direito à vida não é igual no Brasil entre brancos e negros — afirma.
A violência no Brasil tem vários lados, mas Gláucio, que a estuda tanto, tem viajado pelo país atrás de boas histórias.
— Acabo de ver em Arcoverde, em Pernambuco, o que o amor humano pode fazer. Jovens de um movimento chamado Servas de Deus atendem a 65 crianças que estavam na prostituição infantil. Meninas, que faziam sexo oral por R$ 0,50, com oito, dez anos, hoje estudam, brincam, recuperaram o direito de ser crianças.
Com estudos técnicos sobre casos de sucesso; com pesquisas sobre o desempenho de políticas de recuperação, ele concluiu: a criminalidade, que parece tão avassaladora, não é um problema invencível.
Entrevista:O Estado inteligente
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