O Estado de S. Paulo |
3/1/2007 |
Dos governadores eleitos em outubro, o do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, surge nesse início de mandato como a estrela da temporada. Ganhou citação explícita em um dos dois discursos de posse do presidente Luiz Inácio da Silva e, em termos de novidade no cenário nacional, no momento é mais personagem até que os governadores de São Paulo, José Serra, e Minas Gerais, Aécio Neves, já vastamente conhecidos no País todo. Diferentemente de ambos, Sérgio Cabral não fará oposição ao governo federal. Ao contrário, entra em cena como o único porto politicamente seguro de Lula no chamado triângulo das Bermudas. Enquanto Serra e Aécio se posicionaram em seus respectivos discursos de posse como oposicionistas bastante definidos, Cabral assume o posto na condição de aliado fiel a Lula, assumidamente interessado nas verbas federais das quais Minas e São Paulo não dependem como depende o Rio. Ex-tucano, amigo de Serra e amicíssimo de Aécio, cuja candidatura à Presidência da República adoraria levar para o PMDB, Sérgio Cabral arquivará temporariamente projetos e preferências políticas para se dedicar exclusivamente a consolidar uma aliança pragmática com o Palácio do Planalto. Proibiu sua equipe de falar ou pensar sobre hipóteses de político-oposicionistas porque, na opinião dele, foi o projeto pessoal de concorrer à Presidência da República que arrasou com as relações entre o Rio e o governo federal, levando Lula a simplesmente virar as costas para o Estado. Cabral quer recuperar não só esse prejuízo recente, mas os malefícios de muitos anos em que o Rio sempre foi - à exceção do período dos governos Marcello Alencar e Fernando Henrique Cardoso - oposição ao presidente da República. Na visão do novo governador do Rio, se conseguir recuperar o ambiente de boas relações, o Estado terá muito a ganhar. Objetivamente, a lista da dependência inclui a questão da segurança pública como prioridade, obras do metrô, saneamento da Baixada Fluminense, construção de complexo rodoviário e mais uma infinidade de obras e convênios paralisados por conta das escaramuças políticas entre governantes. A contrapartida oferecida por Sérgio Cabral a Lula, em troca da ajuda administrativa, é o apoio político - “portas abertas” - num Estado de grande visibilidade. Lula tem o dinheiro e Cabral e, por assim dizer, palanque nacional de onde o presidente poderá inaugurar as obras, desfrutar das placas com referências à participação federal e dividir as glórias políticas decorrentes das realizações. Embora Lula tenha governadores aliados no País todo, não resta dúvida de que, para efeito de avaliação de um segundo mandato, investimentos no Rio de Janeiro têm muito mais repercussão que em qualquer outro Estado. Essa é a conta que faz Sérgio Cabral nessa aliança com Lula que, no entanto, não inclui necessariamente um compromisso de apoio eleitoral a candidatos do PT, nem em 2008, muito menos em 2010, quando sua preferência explicitada desde já é por Aécio Neves. Não exclui, porém, uma tentativa de levar Aécio a se transferir do PSDB para o PMDB a fim de concorrer à Presidência da República numa coalizão com o PT. Mas esta é uma outra história que ainda não começou. De efeito O pedido de ajuda da Força Nacional no combate à criminalidade no Rio, feito pelo novo governador logo ao assumir, teve o objetivo de dar uma “resposta” à população aflita e aos turistas temerosos com os recentes ataques do crime organizado, mas não significa necessariamente uma crença na eficácia da medida para, de fato, reduzir o índice de violência. Na impossibilidade de se tomar medidas eficazes, na emergência, optou-se por “criar um clima” de segurança e demonstrar ação por parte do poder público. A idéia de Sérgio Cabral Filho é antecipar, em caráter experimental, o esquema montado para entrar em operação durante os Jogos Pan-Americanos. Adiamento Lula tomou posse anteontem, mas, na prática, o início do segundo governo fica adiado para meados de janeiro, na volta das férias do presidente. Só quando for divulgado o pacote de medidas para o crescimento é que se saberá o perfil que Lula pretende imprimir ao seu segundo mandato. Em guarda Nada indica que os governadores José Serra e Aécio Neves pretendam entrar desde já em conflito com o governo federal. Mas tudo aponta para a disposição de ambos de dar trabalho ao presidente Lula na área política. Aécio assumiu com discurso em defesa de uma reforma tributária de repartição de recursos em nada agradável aos ouvidos da União, e Serra, além da marca registrada de crítica à política econômica, escolheu a ética como o tema a que dedicou maior espaço em seu discurso de posse: oito, dos 18 parágrafos do texto. Lula reservou ao assunto duas frases. O roteiro inicial do embate foi apresentado, agora é acompanhar para ver quem conseguirá impor a agenda de sua preferência. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, janeiro 03, 2007
Dora Kramer - Um porto seguro nas Bermudas
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