Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 20, 2007

Diogo Mainardi


Os bandidos e a CPMF

"Eu já disse que os petistas se acostumaram
a lidar com grandes valores. Eles se
acostumaram também a pagar
a todos os seus
fornecedores por fora, como ficou amplamente
demonstrado durante a crise
de 2005"

Aconteceu alguns dias antes do Natal. Bandidos armados e encapuzados invadiram a chácara de Luiz Gushiken em Indaiatuba e roubaram 10.000 reais em dinheiro, além de computadores, jóias e, de acordo com a polícia, uma quantia não especificada em dólares.

Eu me pergunto: quanto pode ser uma quantia não especificada em dólares. 315? 3 150? 31 500? Quanto? Nos últimos anos, os petistas se acostumaram a lidar com grandes valores. 315.000 dólares?

Eu me pergunto também o que há para comprar com dólares em Indaiatuba? O Mercadinho dos Sapatos negocia em dólares? A Sorveteria San Remo negocia em dólares? A Loja Picapau negocia em dólares?

Luiz Gushiken deve ser dos meus. Deve fazer tudo para sonegar a CPMF. Só isso justificaria aqueles 10.000 reais em dinheiro. Luiz Gushiken é um desobediente fiscal. Eu já disse que os petistas se acostumaram a lidar com grandes valores. Eles se acostumaram também a pagar a todos os seus fornecedores por fora, como ficou amplamente demonstrado durante a crise de 2005.

Se eu pudesse, faria como Luiz Gushiken e guardaria todo o meu salário em casa, em moeda sonante, subtraindo do governo o imposto que ele embolsa sempre que tenho de movimentar minha conta bancária. Só que eu não posso fazer isso. Porque aqui há uma enorme quantidade de bandidos armados e encapuzados, que invadem nossas casas e levam tudo embora, tanto os reais quanto as quantias não especificadas em dólares, como aconteceu com o heróico desobediente fiscal Luiz Gushiken.

De certa maneira, os bandidos armados e encapuzados trabalham para o governo. Eles asseguram que nenhum de nós jamais poderá escapar da CPMF e de outros impostos. Os bandidos armados e encapuzados agem como fiscais da Receita informais. Uma mente um pouco mais perturbada do que a minha poderia até desconfiar que o governo descuida deliberadamente da segurança pública porque ela representa uma importante garantia de arrecadação fiscal.

O governo federal acaba de divulgar que sua arrecadação de impostos subiu 4,45% em 2006. Atingiu o maior nível de sua história. Assim como já havia atingido o maior nível de sua história em 2005.

Parte do dinheiro arrecadado será restituída a partir deste ano. É o que prevê o PAC, o plano de aceleração da economia do Lula. O dinheiro não será restituído a mim. Não. Continuarei pagando igual. Talvez até mais, porque assim eu paro de ser besta. O dinheiro será repassado a alguns setores da economia escolhidos a dedo por Lula, sob a forma de benefícios fiscais. É o que se chama de política industrial. Em vez de tomar dinheiro de um e distribuir a todos, Lula toma de todos e distribui a um.

Eu já subsidiei usineiros pernambucanos, industriais amazonenses e cineastas gaúchos. Agora decidiram que eu tenho de subsidiar a indústria calçadista, as tecelagens e os fabricantes de TV digital, como se isso bastasse para competir com a China.

Por falar em China, quanto ele tinha em Indaiatuba?
3 150 000 dólares?

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