"O senador Aloísio Mercadante é pré-candidato do PT ao governo de São Paulo e, antes de estourar a crise do mensalão, liderava com larga vantagem.
Só para lembrar, há coisa de um ano disputavam a indicação, além de Mercadante, o deputado João Paulo Cunha, então presidente da Câmara, e a ex-prefeita Marta Suplicy. Estava na competição até mesmo o então todo-poderoso ministro da Casa Civil José Dirceu.
Explodiu a crise. José Dirceu foi cassado sob a acusação de chefiar o esquema do mensalão, e João Paulo Cunha está com o mandato a prêmio por ter sido um dos beneficiários do caixa 2 do empresário Marcos Valério.
Sobraram Marta e Mercadante. Antes da explosão da crise, Mercadante era o candidato preferido de José Dirceu, que não só anunciou publicamente a preferência, como tratou de fazer o aparelho partidário trabalhar pelo senador.
Mas tudo mudou. Veio a crise, começaram a aparecer as estripulias financeiras da dupla Marcos Valério-Delúbio Soares, e José Dirceu foi arrastado para o olho do furacão pelas denúncias de Roberto Jefferson.
Marta Suplicy desapareceu de cena. Sua campanha milionária em 2004, também feita pelo marqueteiro Duda Mendonça, não foi investigada. Todos os holofotes se voltaram para o senador Mercadante. Primeiro, por conta de uns outdoors. Mercadante jurava que jamais soube das andanças financeiras de Delúbio e que jamais se utilizou do esquema.
Acontece que no ano passado, São Paulo foi inundado de outdoors por ocasião do aniversário do senador. A origem dos recursos que teriam pago esses outdoors teria sido motivo de um bate-boca entre Mercadante e José Dirceu numa reunião do PT em São Paulo.
Em seguida, aquele depoimento devastador de Duda Mendonça na CPI dos Correios, reconhecendo abertamente que houve caixa 2 na campanha do PT em 2002, selou o afastamento entre Mercadante e Dirceu.
A insistência do senador em se dissociar dos crimes cometidos pela cúpula do PT como forma de salvar sua carreira política jogou José Dirceu e seu grupo na campanha de Marta. Ontem a revista Veja apontou uma suposta tentativa de acordão para salvar a pele do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios. A moeda de troca seria a absolvição do senador tucano Eduardo Azeredo, envolvido até os cabelos com o caixa 2 de Marcos Valério nas eleições de 1998.
Os petistas não mexeriam com Azeredo, e a oposição não investigaria a nova conta de Duda Mendonça no exterior que, segundo dizem, teria recebido recursos para pagar as despesas da campanha de Mercadante ao Senado.
Tremenda saia justa para o senador paulista. Se não desmentir com firmeza esta história, Mercadante vai jogar mais lenha na fogueira da suspeita de que sua campanha em 2002 foi, sim, beneficiada pelo esquema de caixa 2 que ajudou a eleger o presidente Lula."
Enviada por: Ricardo Noblat