O presidente Lula, até prova em contrário, é candidatíssimo à reeleição. Mas, muito espertamente, afirma que só em junho, depois da convenção do PT, é que vai decidir se é ou não candidato.
Com isso, Lula está definitivamente em campanha, sem dizer que está em campanha. Engenhoso, não é mesmo?
O presidente não pára de subir em palanques, não pára de fazer comícios. Comícios com tudo a que tem direito: bandeiras, claque transportada em ônibus, discurso, discurso, inauguração, e mais discurso.
Lula insiste que ainda não decidiu se vai ser candidato. Assim, escapa de ser punido pela Justiça Eleitoral. Ocorre que o TSE está ficando impaciente. E mais dia menos dia, acaba punindo o presidente por fazer propaganda eleitoral fora de hora.
Lula tem afirmado que vai continuar suas andanças enquanto lhe for permitido. Ele chegou mesmo a dizer que vai continuar "andando no limite do tempo" que tem para tomar a decisão.
Mas o que está acontecendo, na verdade, é que presidente da República está andando no limite da legalidade.
Um dos problemas da reeleição sem a obrigação de se desincompatibilizar, como é o modelo adotado no Brasil, é justamente estabelecer o limite entre a atividade presidencial e a pura e simples utilização da máquina pública em benefício do presidente-candidato.
É evidente que o governo federal está usando todos os instrumentos à sua disposição para promover a candidatura do presidente.
A propaganda do governo está em todas as TVs, em vários estados. Os feitos do governo Lula são apresentados de forma a não permitir que os governadores faturem indevidamente obras que não são deles.
O Palácio do Planalto alega que se trata apenas de prestação de contas. O que não deixa de ser verdade. Por isso, é tão delicado traçar o limite entre ação governamental e propaganda eleitoral pura e simples.
Mas Lula parece ter encontrado a fórmula mais inteligente. Ele tem cara de candidato, pose de candidato, agenda de candidato, discurso de candidato. Mas ainda não é candidato."
Enviada por: Ricardo Noblat