Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Lucia Hippolito na CBN:Convocação extraordinária para nada



 

"O Congresso continua abusando da paciência da população. A convocação extraordinária ainda não deslanchou, e o Conselho de Ética da Câmara ainda não retomou os trabalhos. Tudo isto a nove meses das eleições gerais.


Parece que deputados e senadores gostam mesmo de viver perigosamente.


E o mais curioso é que ainda não se conhecem as regras que vão presidir a eleição, porque a emenda constitucional que derruba a verticalização das alianças até agora não foi votada nem em primeiro turno na Câmara.


Pelo visto, suas Excelências vão novamente deixar que a Justiça Eleitoral decida o caso. Foi feita outra consulta ao TSE, e o novo presidente do órgão deverá decidir em fevereiro.


Só para lembrar: nas eleições de 2002, a decisão do TSE instituindo a verticalização foi dada no final de fevereiro, obrigando à revisão de todos os planos e alianças eleitorais.


Pelo jeito, neste ano vamos pelo mesmo caminho.

 

Até o mês que vem ficaremos sem saber se os partidos serão obrigados a fazer alianças nos estados repetindo a aliança da eleição presidencial ou se será respeitado o princípio federativo, reconhecendo a realidade e o poder da política estadual.


Sim, porque nunca é demais repetir. Os partidos são nacionais, organizados em todo o território brasileiro, mas a dinâmica da luta política não se reproduz da mesma maneira em todos os estados.


O padrão de disputa PT-PSDB, que hoje domina o plano federal, não se reproduz, por exemplo, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, na Bahia ou no Rio Grande do Sul. Só para ficar nesses exemplos.


Por isso mesmo, é uma violência impor a esses estados uma disputa artificial, que não encontra amparo na realidade local. Partidos não são ETs nem naves espaciais que aterrissam em qualquer lugar. Partidos crescem e se adaptam aos estilos e culturas dos estados onde se instalam. Assim, o PFL da Bahia não é igual ao PFL de Santa Catarina, o PSDB de Minas Gerais não é igual ao PSDB do Paraná.
Isto acontece até mesmo no PT, em que pese o estilão imposto ao aparelho partidário na gestão de José Dirceu. O PT de São Paulo não é igual ao PT do Rio de Janeiro.  


Já o PMDB, que nasceu como um partido federativo, respeita as diversidades regionais e a lógica da política estadual e não tenta brigar com a realidade.


Mas parece que suas Excelências não fazem questão de votar a emenda constitucional. Os poucos gatos pingados que têm aparecido na Câmara preferem tirar fotografia com os turistas a arregaçar as mangas e lançar-se ao trabalho. É pena."

Enviada por: Ricardo Noblat

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