Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Editorial da Folha de S Paulo

O RETORNO DO INGLÊS
O Instituto Rio Branco, o braço formador de diplomatas do Ministério das Relações Exteriores, recuou e vai voltar a exigir o domínio do inglês de quem pretenda ingressar na carreira. É uma boa notícia. Apregoada como uma forma de "democratizar" o acesso ao Itamaraty, a polêmica portaria de 2004 que excluíra o idioma inglês da prova eliminatória a que são submetidos os candidatos nunca passou de um grande equívoco.
É claro que, orgulhoso, o Instituto Rio Branco não admite o erro. Prefere afirmar que os objetivos democratizantes da medida já foram logrados no concurso de 2005. O argumento é fraco. Se a ampliação do acesso foi considerada pela cúpula do ministério uma política pública digna de adotar, jamais poderia ser tratada como meta a ser alcançada num ano e esquecida nos demais.
É mais verossímil imaginar que o pragmatismo acabou -felizmente- triunfando sobre um infantilismo ideológico que elegeu a língua inglesa como inimigo imperialista.
Ninguém é obrigado a gostar da influência que os EUA exercem sobre o planeta, mas é impossível não reconhecer a importância que o inglês assumiu no mundo globalizado. Várias lacunas na formação de um futuro diplomata podem ser preenchidas pelos professores do Instituto Rio Branco, mas a ignorância de línguas estrangeiras não é uma delas.
Diplomatas são obrigados a escrever discursos em outros idiomas, traduzir textos, discutir em alto nível com interlocutores estrangeiros e ainda servir de intérpretes para autoridades freqüentemente monoglotas. São tarefas que exigem grande familiaridade com a língua, aptidão que dificilmente se adquire em cursos de poucas horas semanais.
Como todo órgão público, o Itamaraty precisa reger-se pelos princípios da impessoalidade e do não favorecimento, mas não deve de modo nenhum sacrificar a excelência de seus quadros. A idéia de um diplomata que não domine o inglês é risível.

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