Ou o governador Sérgio
Cabral (PMDB-RJ) já não está mais aí para nada ou foi vítima de um dos
defeitos mais flagrantes de sua personalidade - a arrogância. Que tal um
governador flagrado utilizando helicópteros do Estado para viajar com a
família nos fins de semana para sua casa de veraneio? Diante do
escândalo, ele assina decreto tornando seus passeios impossíveis.
Depois, simplesmente volta a voar.
POIS É DISSO que se trata. Em julho último, a "Veja" descobriu que Cabral abusava da utilização dos helicópteros oficiais. Cabral mora no Leblon, a curta distância da Lagoa Rodrigo de Freitas. Escoltado por seguranças, ele ia de carro até a lagoa e, de lá, de helicóptero para o Palácio Guanabara - um voo de 10 minutos. Nos fins de semana, embarcava com família, empregados e cachorro para Mangaratiba.
ALI, NUM CONDOMÍNIO de luxo, Cabral construiu duas casas valorizadas pela paisagem paradisíaca da Baía de Sepetiba e pela proximidade com Angra dos Reis e Paraty. Com frequência, um dos helicópteros fazia mais de um voo às sextas-feiras e aos domingos para levar e trazer a comitiva de Cabral. Na época, ensaiou-se a desculpa de que o uso dos helicópteros se devia a razões de segurança. Não colou.
ENTÃO, HUMILDEMENTE, Cabral desculpou-se e assinou um decreto restringindo o uso de helicópteros ao "governador, vice-governador, chefe de poderes, secretários e presidentes de autarquias e de empresas públicas". Teve o cuidado de registrar que os helicópteros só poderiam ser requisitados para "atividades próprias do serviço público". Como suas viagens de fim de semana nada tinham a ver com tais atividades... Cabral suspendeu-as.
ATÉ QUE, NA SEMANA passada, a "Folha de S. Paulo" anunciou em seu site: Cabral voltou a se valer dos helicópteros do estado para ir veranear em Mangaratiba com a família e empregados. Notou-se a ausência do cachorro. A mesma desculpa esboçada da vez anterior foi sacada desta: razões de segurança. Cabral atendeu a recomendação da Subsecretaria de Segurança Militar da Casa Civil. Ele é um alvo precioso para traficantes e bandidos. Não pode se arriscar.
PALAVRAS DE CABRAL: "Infelizmente, o fato de ser governador impõe que temos que enfrentar a segurança pública, a marginalidade, o tráfico de drogas.
Para ganhar essa luta difícil, o gabinete militar impõe a mim e à minha família restrições. E eu tenho que segui-las por uma questão de segurança".
O poder da bandidagem deve ter aumentado muito entre julho último, quando Cabral renunciou aos voos a Mangaratiba, e agora, quando os retomou.
NÃO FAZ SENTIDO que o poder tenha se mantido o mesmo e, no entanto, Cabral tenha mudado sua conduta. Ou faz sentido, sim, se admitirmos que Cabral possa estar mentindo - ele e seus assessores.
O governador é obrigado a comparecer diariamente ao seu local de trabalho - e nada mais natural, no Rio ou em qualquer outro lugar, que seja acompanhado de seguranças. Não é obrigado a veranear nos fins de semana. Se o fizer, que seja às suas próprias custas.
CABRAL VAI MAL. Entre os 17 governadores do país é o quarto pior avaliado. Há três anos, foi um dos cabos eleitorais mais cortejados por Lula para eleger Dilma presidente. Lula já o abandonou. O PT terá candidato ao governo do Rio - o senador Lindbergh Farias. Foi tal o número de erros políticos cometidos por Cabral que a maioria dos políticos quer distância dele. O que Cabral fez de mais certo - as UPPs - está a perigo.
POIS É DISSO que se trata. Em julho último, a "Veja" descobriu que Cabral abusava da utilização dos helicópteros oficiais. Cabral mora no Leblon, a curta distância da Lagoa Rodrigo de Freitas. Escoltado por seguranças, ele ia de carro até a lagoa e, de lá, de helicóptero para o Palácio Guanabara - um voo de 10 minutos. Nos fins de semana, embarcava com família, empregados e cachorro para Mangaratiba.
ALI, NUM CONDOMÍNIO de luxo, Cabral construiu duas casas valorizadas pela paisagem paradisíaca da Baía de Sepetiba e pela proximidade com Angra dos Reis e Paraty. Com frequência, um dos helicópteros fazia mais de um voo às sextas-feiras e aos domingos para levar e trazer a comitiva de Cabral. Na época, ensaiou-se a desculpa de que o uso dos helicópteros se devia a razões de segurança. Não colou.
ENTÃO, HUMILDEMENTE, Cabral desculpou-se e assinou um decreto restringindo o uso de helicópteros ao "governador, vice-governador, chefe de poderes, secretários e presidentes de autarquias e de empresas públicas". Teve o cuidado de registrar que os helicópteros só poderiam ser requisitados para "atividades próprias do serviço público". Como suas viagens de fim de semana nada tinham a ver com tais atividades... Cabral suspendeu-as.
ATÉ QUE, NA SEMANA passada, a "Folha de S. Paulo" anunciou em seu site: Cabral voltou a se valer dos helicópteros do estado para ir veranear em Mangaratiba com a família e empregados. Notou-se a ausência do cachorro. A mesma desculpa esboçada da vez anterior foi sacada desta: razões de segurança. Cabral atendeu a recomendação da Subsecretaria de Segurança Militar da Casa Civil. Ele é um alvo precioso para traficantes e bandidos. Não pode se arriscar.
PALAVRAS DE CABRAL: "Infelizmente, o fato de ser governador impõe que temos que enfrentar a segurança pública, a marginalidade, o tráfico de drogas.
Para ganhar essa luta difícil, o gabinete militar impõe a mim e à minha família restrições. E eu tenho que segui-las por uma questão de segurança".
O poder da bandidagem deve ter aumentado muito entre julho último, quando Cabral renunciou aos voos a Mangaratiba, e agora, quando os retomou.
NÃO FAZ SENTIDO que o poder tenha se mantido o mesmo e, no entanto, Cabral tenha mudado sua conduta. Ou faz sentido, sim, se admitirmos que Cabral possa estar mentindo - ele e seus assessores.
O governador é obrigado a comparecer diariamente ao seu local de trabalho - e nada mais natural, no Rio ou em qualquer outro lugar, que seja acompanhado de seguranças. Não é obrigado a veranear nos fins de semana. Se o fizer, que seja às suas próprias custas.
CABRAL VAI MAL. Entre os 17 governadores do país é o quarto pior avaliado. Há três anos, foi um dos cabos eleitorais mais cortejados por Lula para eleger Dilma presidente. Lula já o abandonou. O PT terá candidato ao governo do Rio - o senador Lindbergh Farias. Foi tal o número de erros políticos cometidos por Cabral que a maioria dos políticos quer distância dele. O que Cabral fez de mais certo - as UPPs - está a perigo.