FOLHA DE SP - 15/12
Há compreensível preocupação com a possibilidade de o Brasil ter sua nota rebaixada pelas agências de avaliação de risco, com impacto no crédito e na economia em geral.
Menos falado, mas talvez mais preocupante, é a possibilidade de o país perder seu grau de potência econômica do século 21. A economia brasileira teve o pior desempenho entre as grandes economias no terceiro trimestre, mas voltou a crescer em outubro, apontando para um padrão de crescimento instável.
Mudanças estruturais e de alto impacto na dinâmica econômica, social, política e mesmo psíquica do país ocorreram na última década, alavancadas principalmente pela melhora do padrão de vida dos brasileiros, com incorporação de milhões à classe média e inflação controlada.
Fator de grande força simbólica foi a transformação do Brasil em credor internacional, quando o total das reservas líquidas do país superou o total da dívida pública e privada com o exterior, em 2008.
Meses depois, tivemos outro marco nesse rumo --a classificação do Brasil como grau de investimento, um selo de bom pagador crucial para financiar empresas e aumentar investimentos.
A percepção internacional do país começara a mudar antes disso. No início daquela década, o economista britânico Jim O'Neill criou o acrônimo Bric para reunir Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro emergentes com grandes populações e potencial de crescimento, aptos a serem grandes potências econômicas nas próximas décadas.
Isso, e a evolução nos anos seguintes, pôs o Brasil em outra liga, dando sequência à evolução histórica de país subdesenvolvido, em desenvolvimento, emergente e, finalmente, Bric. Muito significativo, porém, foi o alerta dado pelo mesmo O'Neill de que o país, a seguir com o baixo crescimento dos últimos dois anos, pode sair do bloco dos Brics econômicos (há também o grupo Brics político, que reúne os quatro países mais a África do Sul).
Para reverter essa tendência, o Brasil deve retomar sua trajetória rumo ao grau de potência econômica. Isso demanda um choque de confiança, que elimine a contabilidade controversa das contas públicas e traga tranquilidade em relação à trajetória fiscal.
O controle dos gastos correntes deve financiar a expansão dos investimentos em infraestrutura e educação. É preciso também criar condições para aumentar o investimento do setor privado, elevar sua competitividade, incentivar a produtividade e o empreendedorismo e, finalmente, propor ao Congresso a independência legal do Banco Central.
Essas medidas são importantes para recolocar o Brasil no caminho do grau de país desenvolvido, com o padrão de vida desejado pelos brasileiros.
Há compreensível preocupação com a possibilidade de o Brasil ter sua nota rebaixada pelas agências de avaliação de risco, com impacto no crédito e na economia em geral.
Menos falado, mas talvez mais preocupante, é a possibilidade de o país perder seu grau de potência econômica do século 21. A economia brasileira teve o pior desempenho entre as grandes economias no terceiro trimestre, mas voltou a crescer em outubro, apontando para um padrão de crescimento instável.
Mudanças estruturais e de alto impacto na dinâmica econômica, social, política e mesmo psíquica do país ocorreram na última década, alavancadas principalmente pela melhora do padrão de vida dos brasileiros, com incorporação de milhões à classe média e inflação controlada.
Fator de grande força simbólica foi a transformação do Brasil em credor internacional, quando o total das reservas líquidas do país superou o total da dívida pública e privada com o exterior, em 2008.
Meses depois, tivemos outro marco nesse rumo --a classificação do Brasil como grau de investimento, um selo de bom pagador crucial para financiar empresas e aumentar investimentos.
A percepção internacional do país começara a mudar antes disso. No início daquela década, o economista britânico Jim O'Neill criou o acrônimo Bric para reunir Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro emergentes com grandes populações e potencial de crescimento, aptos a serem grandes potências econômicas nas próximas décadas.
Isso, e a evolução nos anos seguintes, pôs o Brasil em outra liga, dando sequência à evolução histórica de país subdesenvolvido, em desenvolvimento, emergente e, finalmente, Bric. Muito significativo, porém, foi o alerta dado pelo mesmo O'Neill de que o país, a seguir com o baixo crescimento dos últimos dois anos, pode sair do bloco dos Brics econômicos (há também o grupo Brics político, que reúne os quatro países mais a África do Sul).
Para reverter essa tendência, o Brasil deve retomar sua trajetória rumo ao grau de potência econômica. Isso demanda um choque de confiança, que elimine a contabilidade controversa das contas públicas e traga tranquilidade em relação à trajetória fiscal.
O controle dos gastos correntes deve financiar a expansão dos investimentos em infraestrutura e educação. É preciso também criar condições para aumentar o investimento do setor privado, elevar sua competitividade, incentivar a produtividade e o empreendedorismo e, finalmente, propor ao Congresso a independência legal do Banco Central.
Essas medidas são importantes para recolocar o Brasil no caminho do grau de país desenvolvido, com o padrão de vida desejado pelos brasileiros.