ZERO HORA - 30/12
Um fato chocante e de inegável importância social foi divulgado por ZH dias antes do Natal ao retratar a alarmante deterioração de um dos mais conceituados colégios de Porto Alegre, o “Julinho”, como era familiarmente denominado o “Julio de Castilhos”. Ao tempo em que surgiam colégios de inspiração religiosa, logo consagrados pela excelência do ensino ministrados por notáveis educadores, o governo rio-grandense, de forte tintura comtiana, cuidou de formar seu colégio padrão, que viria a levar o nome do chefe republicano; cansei de ouvir referências respeitosas ao colégio laico destinado a cotejar com os católicos e evangélicos; o maior louvor suponho viesse daqueles que lhe houvessem frequentado. O trabalho da jornalista Letícia Duarte estendeu-se pelo ano escolar, 27 de fevereiro a 22 de novembro de 2013; registrando o colapso do que fora um colégio modelar; é impossível resumi-lo, o espaço seria insuficiente para um resumo do resumo, limito-me a dizer que, a todos os títulos, o quadro é deplorável.
É óbvio que sem professor não há escola nem ensino, no entanto, no Julinho, até sete professores por dia faltam às aulas, 89% dos alunos chegam ao final do Ensino Médio sem aprender o mínimo em matemática, 38% saem do Ensino Médio e chegam ao Superior e não sabem ler e escrever plenamente; ao fundo da sala alunos se divertem com equipamentos eletrônicos durante as aulas; essas singelas observações esclarecem porque a classificação do Brasil entre 65 nações ocupa posição desoladora. É de notar-se que isto acontece em um colégio que durante muitos anos foi dos melhores aqui existentes e em consequência no Brasil inteiro. Esta metamorfose não se operou de repente, o mal, por conseguinte não começou ontem. O colégio que foi o melhor não se transforma no pior da noite para o dia. E o mais grave é que a degradação se infiltra a setores relevantes do país, do governo inclusive a de instituições docentes. Dir-se-á que existem, Deus seja louvado, colégios da melhor e mais justificada reputação e eu sei disso e como brasileiro por isto me felicito, mas infelizmente isto não justifica a cota de colégios de inqualificável reputação. Segundo as repercussões até agora conhecidas verifica-se que há os que pensam que o fenômeno que deformou o Julinho tem caráter geral e há os que entendem que a falência do antigo e modelar ornamento do colégio oficial é uma exceção.
Não tenho elementos para opinar em favor de uma ou outra das interpretações, mas confesso a minha angústia cívica diante do espetáculo público do caso funesto e vexatório do Julinho uma vez que os efeitos dele se irradiam aos demais graus do ensino; é evidente que o ensino primário contamina o Ensino Médio e este compromete o Ensino Superior; a esse respeito, louvores seriam poucos, se as numerosas universidades emergentes realmente encarnassem o que a sua denominação anuncia. Confesso-me sem condições de opinar em assunto de tal relevância, pois não conheço o real teor do ensino oferecido e mais do que o ensino, da real formação de seus jovens frequentadores.
No entanto, há um dado idôneo que ajuda a esclarecer o problema em causa, não é
segredo, foi amplamente divulgado que dos 65 países que participam do exame de
avaliação internacional de alunos de 15 e 16 anos em várias áreas, ficou o Brasil na 55ª
posição em leitura, 58ª em matemática e 59ª em ciências. Dispensável dizer que esses
dados indicam as carências do ensino no Brasil. Os dados referidos são dolorosos para não
dizer humilhantes. O caso do Julinho soa como uma espécie de S.O.S. partindo da
educação.
segredo, foi amplamente divulgado que dos 65 países que participam do exame de
avaliação internacional de alunos de 15 e 16 anos em várias áreas, ficou o Brasil na 55ª
posição em leitura, 58ª em matemática e 59ª em ciências. Dispensável dizer que esses
dados indicam as carências do ensino no Brasil. Os dados referidos são dolorosos para não
dizer humilhantes. O caso do Julinho soa como uma espécie de S.O.S. partindo da
educação.