NOVA YORK. A dianteira do candidato democrata Barack Obama nas pesquisas de opinião está baseada principalmente no apoio de três categorias demográficas: os eleitores negros, os hispânicos e os jovens. Especialmente em relação aos jovens, é uma incógnita essa dianteira, pois é preciso manter até o dia da eleição a empolgação que ele estimula nesse grupo, que não tem tradição de comparecer às urnas. Nas primárias ele conseguiu fazer essa mobilização, mas a campanha eleitoral, que de fato começa na segunda semana de setembro, depois das convenções partidárias, é uma nova etapa, com novos compromissos e novas situações.
A escolha do vice, por exemplo, pode animar ou desanimar os eleitores. O excandidato John Edwards, um dos cotados para ser vice de Obama, acaba de ser abatido pela admissão de que manteve um caso extraconjugal com uma cineasta que trabalhou em sua campanha, coisa que havia negado peremptoriamente durante as primárias. Uma situação recorrente nas campanhas presidenciais americanas.
Mas a vantagem de Obama não se amplia por que ele não consegue se impor como o preferido dos eleitores brancos, que ainda são a maioria no dia da eleição, em uma proporção de três em cada quatro votos.
Há também uma situação nova até o momento, a favor de Obama: McCain está recebendo cerca de 10% menos de votos dos eleitores hispânicos do que teve Bush na última eleição, o que faz com que a performance de Obama nesse segmento tenha melhorado em relação aos candidatos democratas que o antecederam.
Embora mantenha a performance entre as eleitoras brancas, dividindo os votos desse grupo com McCain, no que se refere aos eleitores brancos Obama só está conseguindo obter cerca de 35% dos votos e, mesmo assim, porque entre os eleitores brancos jovens ele predomina. Sua rejeição é grande entre os eleitores brancos mais velhos.
A crise econômica americana pode ser um empecilho, mais que uma ajuda, para a campanha de Obama, que não tem sua imagem pública ligada a questões desse tipo, mas sim a trabalhos sociais a favor das minorias, ao contrário de Bill Clinton, que quando se candidatou marcou sua presença como um especialista em economia.
Por isso Obama andou se reunindo publicamente com grandes figuras da economia, como o antigo comandante do Banco Central dos Estados Unidos Paul Volker ou com o ex-secretário do Tesouro Larry Summers.
A questão econômica predomina entre as preocupações do eleitorado americano, e é na classe média, ou em alguns grupos dela, que se faz mais sentir seu peso.
Na pesquisa do Pew Research Center, que detectou a existência de quatro categorias de classe média, surgem em pelo menos duas delas as angústias que dominam o dia-a-dia desse grupo de eleitores, que representa 53% da sociedade americana, com um peso específico forte nas eleições.
Dois desses grupos, identificados como “Classe Média Satisfeita” e “Classe Média Ansiosa”, são os representantes mais genuínos da classe média, segundo o instituto. Um feliz pelo status de classe média, o outro angustiado, sem conseguir pagar as contas, com receio de perder esse mesmo status.
Mas outras duas classes parecem misturar problemas econômicos com questões psicológicas para se colocarem na classe média: os classificados nas categorias denominadas “Topo da Classe” e “Classe Média Batalhadora”.
Os que se incluem entre o s “ batalhadores” , p o r exemplo, têm uma renda familiar média muitas vezes inferior aos que se colocam entre a classe baixa e, no entanto, se “sentem” classe média. No outro lado do espectro, muitos dos que estão no topo da classe média poderiam ser classificados como “classe alta”, devido aos seus ganhos financeiros e outros privilégios.
Parte da explicação, para o Pew Research Center, está na atração do rótulo “classe média”, que é socialmente mais bem visto do que as classes baixa e alta. Mas isso não é tudo, segundo o instituto de pesquisa.
Em muitas situações, apenas a medição pela renda familiar não identifica a classe social de um cidadão, pois outros critérios entram na própria autoavaliação, fatores como educação, hábitos de vida, gosto e visão de mundo.
Os que estão entre os “batalhadores”, por exemplo, demonstram estar mais felizes com suas vidas, mesmo tendo uma renda que os colocaria entre os de baixa classe. Eles vêem o futuro com mais confiança, especialmente o dos seus filhos.
Cerca de 40% desses, por exemplo, declaram ter esperança de que seus filhos terão uma vida melhor do que a sua, enquanto entre os da classe baixa esse índice de esperança é de 25%.
Para o Pew Research Center, muitos são os casos que demonstram que a classe média é mais um estado de espírito do que uma questão financeira. A classe média americana seria um amálgama de grupos distintos, uma mistura de jovens e velhos, negros, brancos e latinos, otimistas e pessimistas, alguns que estão vivendo plenamente o “sonho americano”, e outros que aspiram a ele.
Uma massa de eleitores que acompanha com atenção e desconfiança a campanha presidencial, que coloca em disputa, num mundo em mutação e num país em crise econômica, Barack Obama, um político desconhecido, jovem e negro, que oferece esperança e mudança, contra John McCain, “o homem de cabelo branco”, como o definiu Paris Hilton, um candidato unplugged, que só agora está aprendendo a usar o computador, um herói de guerra que oferece experiência e segurança. Um salto no desconhecido ou o perigo da estagnação?
Entrevista:O Estado inteligente
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