O Estado de S. Paulo |
27/8/2008 |
Candidato oficial do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin em geral deixa que digam, que pensem e que falem à vontade sobre as suas - segundo ele, supostas - divergências com José Serra, seu sucessor no Palácio dos Bandeirantes. Alckmin se diz acostumado à ação “dos adversários” (quais? “Gerais”, desconversa) empenhados em fomentar a intriga entre os dois só pelo prazer de ver o tempo fechar na seara tucana, sem saber que conversam toda semana, “pessoalmente ou por telefone”. Mas se sente muito injustiçado, e na obrigação de se manifestar, quando vê suas críticas de campanha às carências da cidade traduzidas como um atestado de maus antecedentes administrativos ao governador - artífice e comandante da gestão municipal há quase quatro anos em curso. Pior ainda é ver escrito que a aflição pela reconquista de uma boa posição nas pesquisas o fez sair do figurino zen e partir para a ofensiva interna ao ponto de subtrair credenciais do candidato mais bem posicionado para a eleição presidencial no próprio partido. “Alckmin abandona o ar de moço bom e diz ao eleitor que Serra é mau gestor?”, repete a frase que o infelicitou de fato na análise da véspera sobre os recentes programas do horário gratuito cheios de referências ao que “falta” em São Paulo: vagas em creches, escolas, hospitais, iluminação nas ruas, moradias populares, médicos e “ônibus modernos de norte a sul, de leste a oeste”. De acordo com Geraldo Alckmin isso nem de longe pode ser visto como crítica à administração municipal, “muito menos” aos atributos gerenciais de José Serra, o “candidato natural” do PSDB à Presidência da República, beneficiário direto de eventual vitória do partido na conquista da prefeitura. “Sairá fortalecido e terá o meu apoio.” A fim de evitar mal entendido: Alckmin não condiciona o apoio lá à sua vitória cá. Está com Serra, como já esteve na eleição “difícil” de 2004 em que, lembra bem disso, pôs seu prestígio de então governador a serviço da campanha do então ex-candidato à Presidência derrotado por Lula dois anos antes. Reparada a iniqüidade, vamos ao fato: se não é crítica à atual administração, o destaque às carências municipais é o quê? “Um exercício natural do contraponto de idéias”, sem o qual, argumenta Alckmin, “é impossível fazer uma campanha”. Deixemos de lado a disposição anterior de falar “só do futuro” e prossigamos. Para o candidato do PSDB é preciso ver com naturalidade essa posição que, na versão dele, é uma “abordagem dos problemas de São Paulo”, muito mais rigorosa para com os antecessores da gestão tucana na prefeitura. “O que eu quero ressaltar, e fiz isso no confronto direto com a Marta (Suplicy) no debate da Bandeirantes, é que o Serra recebeu a prefeitura em péssima situação. Por isso ganhou a eleição, fez muito, mas estamos numa corrida de revezamento, cada um cumpre uma etapa.” E esta, “com todo reconhecimento à legitimidade das demais candidaturas”, Alckmin acha que cabe a ele cumprir inclusive para ajudar o PSDB a vencer suas “fragilidades” nas regiões metropolitanas. Cita o exemplo da estratégia do PT, que domina as grandes cidades no entorno da capital: Guarulhos, Osasco, Campinas e Santo André. Mas, com todo o reconhecimento à possibilidade de viradas no meio do jogo, a situação não estaria periclitante demais para que dois candidatos do mesmo campo político ainda briguem entre si? Alckmin discorda das premissas. Não acha que o quadro esteja tão risonho e franco assim para o PT - “no segundo turno, a rejeição vai dificultar muito a vida da Marta” - e, portanto, não se rende aos números. “Temos apenas algumas oscilações nas pesquisas.” Não enxerga sinal de briga com Gilberto Kassab - “o adversário a ser combatido é o PT, o DEM é um aliado” - e, depois de reiteradas tentativas de mudar de assunto para não entrar nas questões internas do PSDB, concede no máximo um pequeno espaço no muro: “Partido grande é assim mesmo”. “Assim”, como, como “assim”? Talvez valesse a pena o próprio partido tentar uma boa tradução para o termo antes de se apresentar “assim” - conflagrado, mas dissimulado - para pedir ao eleitorado que lhe abra de novo as portas do Palácio do Planalto. São Tomé A decisão do Judiciário ao proibir o nepotismo até o terceiro grau de parentela no serviço público, celebrada no discurso, corre o sério risco de ficar relegada ao campo das boas intenções. Raríssimos os que tiveram coragem de criticar, mas pouquíssimos também os agentes de poder que disseram exatamente como pretendem executar a determinação. Ao contrário, o que se vê são tentativas de abrir trilhas de desvio aproveitando brechas de lei e entroncamentos da máquina pública. E, depois, é como dizia um deputado ontem no jornal: se o poderoso resolver não demitir, quem vai tirar o parente do gabinete, a polícia? |
Entrevista:O Estado inteligente
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