NOVA YORK. A convenção do Partido Democrata começa hoje em Denver, no Colorado, com Barack Obama se posicionando em um novo patamar, com a escolha do senador Joe Biden como seu companheiro de chapa. Anunciado na madrugada de ontem por uma mensagem eletrônica para uma rede de potenciais 2 milhões de eleitores-contribuintes da campanha, a escolha significa que Obama decidiu dar à sua candidatura um caráter mais institucional, reforçando um dos pontos fracos percebidos pelo eleitorado, sua inexperiência em política externa. O senador Biden preside a poderosa Comissão de Relações Exteriores do Senado, e é um reconhecido especialista no assunto.
O próprio Biden, antes de desistir da postulação à presidência logo no início das primárias, baseava sua candidatura no Partido Democrata nessa experiência, e chegou a questionar a capacidade de Obama de se impor diante de líderes mundiais.
Já naquela época, ele perguntou em um debate: “Quem de nós tem condições de pegar o telefone e conversar com Putin para dizer-lhe que deixe a Geórgia em paz, porque Saakashvili está com um grande problema? Eu tenho 35 anos de experiência”.
Conhecido por ser um político “brutalmente franco”, o senador por Delaware chegou a dizer, em outra oportunidade, que Obama poderia vir a estar preparado para o cargo, mas que não estava até aquele momento.
E arrematou: “A Presidência não é uma coisa que você pode aprender fazendo”.
Mas Biden foi se aproximando de Obama durante a campanha eleitoral, e nos últimos meses já havia claramente aderido àqueles que consideram o candidato democrata a melhor opção. Chegou mesmo a criticar duramente o presidente Bush que, em Israel, fez um comentário sobre a incapacidade de Obama de se impor diante do Irã.
A escolha do senador Joe Biden, por outro lado, retira da candidatura de Obama aquele ar de mudança fora da influência do establishment político de Washington, o que pode frustrar alguma parcela de seus eleitores.
Mas, numa corrida tão apertada quanto a que se delineia, predominou na escolha o pragmatismo de ter como companheiro de chapa alguém que esvazie as críticas sobre a inexperiência em um setor estratégico para o país, o que está sendo muito bem explorado pelo adversário, o republicano John McCain.
Na recente crise da Geórgia com a Rússia, por exemplo, o candidato democrata perdeu muitos pontos junto ao eleitorado, devido a sua posição inicial muito cautelosa, na opinião da maioria. A presença de Biden na chapa faz com que McCain veja pelo menos neutralizada uma de suas vantagens comparativas mais importantes até o momento.
Joe Biden, durante a campanha, já havia dito que o país não precisa de um “comandanteem-chefe” e um “herói de guerra”, mas um líder “com sabedoria” para enfrentar as difíceis decisões.
O senador John McCain tem, agora, pelo menos mais uma semana para anunciar seu companheiro de chapa, pois a convenção republicana só começa no próximo dia 1º de setembro, em St Paul.
O mais provável é que ele escolha também um antigo adversário, Mitt Romney. A escolha do candidato a vice-presidente era uma ação estratégica mais importante para o democrata Barack Obama do que será para John McCain, embora a idade do republicano seja um motivo de apreensão quanto à sua candidatura.
McCain fará 72 anos por esses dias e será, se eleito, o mais velho presidente dos Estados Unidos em primeiro mandato. Havia a especulação de que ele não concorreria a uma eventual reeleição, o que aumentaria a importância de seu vice, mas o próprio McCain se encarregou de desmentir essa hipótese.
Entrando na reta final, a eleição americana está na dependência, segundo as análises mais diversas, de cerca de dez a quinze estados onde estarão em disputa algumas centenas de votos decisivos de delegados, numa eleição em que é preciso obter 270 votos para vencer, num colégio eleitoral de 538 delegados.
Segundo a projeção da CNN, o democrata Barack Obama já teria assegurado 221 votos, enquanto McCain teria 189 delegados.
Os onze estados em que a situação estaria indefinida valeriam 128 votos.
Eles são os seguintes: Flórida, Ohio, Minnesota, Iowa, Nevada, Novo México, New Hampshire, Colorado, Missouri, Michigan e Virgínia.
Já a análise política da consultoria brasileira Tendências, realizada por João Pedro Ribeiro e Rogério Schmitt, aponta dez estados como os que vão decidir a eleição.
Eles colocam entre os estados que podem mudar o voto Pensilvânia, Wisconsin e Oregon, e não concordam com a CNN em relação aos estados de Colorado, Missouri, Michigan e Virgínia.
Esses estados onde é considerada possível a alteração demonstram um comportamento errático do eleitorado no histórico das eleições, e tanto podem pender para um lado quanto para o outro.
Um exemplo claro é o estado de Nevada, que tem cinco delegados. Votou em Bush nas eleições de 2000 e 2004, e hoje tende para Obama. Também em Iowa, onde votam sete delegados, verifica-se uma tendência inconstante.
Em 2000, o estado elegeu Al Gore, para em 2004 apoiar a reeleição de Bush. Hoje, a tendência é para Barack Obama.
E-mail para esta coluna: merval@oglobo.com.br
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
agosto
(540)
- DRAUZIO VARELLA Fumantes passivos
- FERREIRA GULLAR
- DANUZA LEÃO
- Petropopulismo
- Demétrio Magnoli,Fragmentos de socialismo
- A força da gente Miriam Leitão
- O urso não deve ser provocado LUIZ FELIPE LAMPREIA
- O troco republicano Merval Pereira
- A solas con Néstor Kirchner Por Joaquín Morales Solá
- El cambio que quieren los Kirchner Por Mariano Gr...
- João Ubaldo Ribeiro
- Daniel Piza
- DORA KRAMER Polícia de boa vizinhança
- Boas notícias e desafios para o Brasil Alberto Ta...
- ''A riqueza do pré-sal depende do tamanho dos inve...
- A maldição do petróleo Maílson da Nóbrega
- A química ruim de Yunus Suely Caldas*
- McCainomics Celso Ming
- Os estragos do câmbio
- Privatização em São Paulo
- Linha direta entre Lula e FHC evitou pedido de imp...
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- INVASÃO DE PRIVACIDADE
- China: medalhas e exportações
- Custo do pré-sal pode passar de US$ 1 tri
- RUY CASTRO Do noticiário
- Miriam Leitão Sonho americano
- Merval Pereira - Uma disputa estratégica
- Celso Ming,Melhor do que o previsto
- Dora Kramer Virtudes democráticas
- São Paulo acessível Mauro Chaves
- Meta fiscal versus meta de inflação
- O risco Argentina
- Preconceito no caminho de Obama
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista: James Roberts
- Diogo Mainardi O Eddie Murphy político
- Lya Luft O que valem as medalhas?
- Radar
- Gustavo Ioschpe
- J.R. Guzzo
- MILLÔR
- Especial Dilema eterno da humanidade: perdão ou ...
- A desforra via internet
- Memória Olavo Setubal
- Os efeitos da insônia na saúde dos adolescentes
- Traje motorizado permite a paraplégicos andar
- Tecnologia O Brasil ficou para trás em inovação
- EUA Barack Obama é aclamado candidato à Presidência
- Aborto A interrupção da gravidez de anencéfalos ...
- Petróleo O início da exploração das reservas do ...
- Espionagem A prova de que Gilmar Mendes foi gram...
- Tomara que ela acerte
- As dicas dos campeões do vestibular
- O brasileiro adere em massa às motocicletas
- O rei do chocolate
- Os esquecidos da bossa nova
- Hellboy II, de Guillermo del Toro
- Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas
- Livros Dois autores israelenses contemporâneos
- O momento de Beatriz Milhazes
- VEJA Recomenda
- A reforma política de Lula editorial O Estado de ...
- Índio não quer mais só apito - João Mellão Neto
- Celso Ming - Cadê a recessão?
- Dora Kramer - Trocando em miúdos
- Míriam Leitão - A conta do estouro
- Merval Pereira - Sem novidades na AL (O Globo)
- Clipping 29/08/2008
- OS bons selvagens exploram garimpo ilegal? Estou c...
- JOÊNIA MORENA, JOÊNIA, VOCÊ SE PINTOU...
- clipping de 28/08/20008
- Resultados fiscais e reforma contábil editorial O...
- Perigosa recaída O GLOBO EDITORIAL
- Outro mundo EDITORIAL O Globo
- A soberania em juízo editorial O Estado de S. Paulo
- A despolitização da tortura
- Valdo Cruz - Tentações
- Míriam Leitão - Ajuste de contas
- Merval Pereira - Razão x emoção
- Dora Kramer - Uso do cachimbo
- Clóvis Rossi - Eleição x coroação
- Celso Ming - Despencou
- Alberto Tamer - Depois da festa, a economia
- RAPOSA SERRA DO SOL: ENTRE A REALIDADE E A MISTIFI...
- Twenty-Two Years in Castro's Gulag
- Míriam Leitão - Hora do ataque
- Merval Pereira - A raça como pano de fundo
- Dora Kramer - Desde a tenra infância
- Celso Ming - Até onde vai este rali
- Mais a sério- Ruy Castro
- Garibaldi foi à forra- Villas-Bôas Corrêa
- Porque Obama parece vulnerável
- Pré-sal trouxe até agora muito calor e pouca luz
- O Congresso na 'extrema-unção' editorial O Estado...
- Mais confusão no pré-sal editorial O Estado de S....
- Clipping do dia 27/08/2008
- Clipping do dia 26/08/2008
- Ruim é o gasto, não a conta
- MIRIAM LEITÃO - O mal já feito
-
▼
agosto
(540)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA