Há um inimigo oculto atuando contra a Rússia neste momento e tornando ainda mais insensato o caminho bélico da dupla Putin-Medvedev. A demografia não recomendaria a eles que iniciem guerras colocando em risco os jovens. A população russa encolheu em sete milhões na década entre 1997 e 2006. As projeções indicam que o declínio vai continuar, e eles encolherão mais 13 milhões até 2025.
Hoje os russos são 141 milhões em ação; 3 milhões a menos que em 2002. Em 2025, serão 128 milhões. Há algum tempo, o país entrou num forte declínio da taxa de natalidade, a qual ficou abaixo da reposição. Isso a levará a perder as pessoas em idade produtiva e ter um aumento dos idosos. Até 2025, as projeções indicam que a população de 15 a 64 anos vai diminuir em 16%.
Os russos com 65 anos ou mais vão aumentar em 18%.
A idade mediana no país já é perto de 40 anos. Uma sociedade assim, com velhos aumentando e a população ativa diminuindo, enfrenta riscos e dúvidas. Esta deveria ser a hora de o governo poupar os recursos do petróleo e preparar o futuro, em vez de alimentar expansionismos geopolíticos da Guerra Fria. O governo tem feito campanhas a favor da natalidade, e está subsidiando o terceiro filho; mesmo assim, essas políticas não têm tido muito efeito.
Má hora para abrir várias frentes simultâneas de conflito com o Ocidente. Por gestos e palavras, a dupla do barulho que ocupa o Kremlin pode reagir contra outros governos pró-americanos da região, como a Ucrânia, por exemplo. Putin e Medvedev fizeram declarações fortes contra os mísseis americanos na Polônia. Imagine se acabam se envolvendo em conflito em todas essas frentes? Demograficamente falando, não deveriam.
Se for olhado apenas por esses dados — retirados do US Census Bureau —, que raramente entram na conta dos economistas, o Brasil está na melhor situação dos BRICs. A população chinesa e indiana é gigantesca, e vai permanecer crescendo até atingir, cada um, perto de 1,5 bilhão de pessoas, em 2025. O Brasil tem uma população de tamanho razoável. Com as taxas de fecundidade caindo aqui mais que o esperado, os dados estão sendo revistos.
Na sexta-feira, o IBGE informou que cálculos novos indicaram que o país continuará crescendo até 2040, quando chegaremos a 220 milhões de habitantes; depois a população começa a cair.
Até 2025, segundo os últimos dados detalhados do IBGE, o país vai diminuir um pouco a população de 0 a 14 anos, dobrará o número de idosos, mas vai continuar ampliando o grupo em idade produtiva — de 15 a 64 anos —, que aumentará 21%. A China ficará com essa faixa da população praticamente estagnada, e vai quase dobrar o numero de idosos, o que significa o ingresso de aproximadamente 100 milhões de pessoas a mais nessa faixa de idade. Para eles — e para nós também — é fundamental ter um sistema de previdência que funcione e incentive as pessoas a poupar para que o peso não recaia quase inteiramente sobre o Estado.
A Índia tem a população mais jovem dos quatro e continua crescendo de forma mais acelerada. Acrescentará, até 2025, uma multidão de 320 milhões à sua população.
Ela tem um indicador que é olhado como ativo — o aumento da população em idade produtiva será o maior dos quatro BRICs, de 31%.
Por outro lado, isso é um enorme desafio, dado o tamanho monstruoso de sua população, dada a dimensão do número de excluídos. Esse crescimento exigirá muito da economia. Um estudo publicado no site do FMI calcula que a Índia tem que criar 13 milhões de empregos por ano pelos próximos 40 anos.
O país ainda tem atrasos na educação que fazem o Brasil até parecer bem-sucedido nesta área, como, por exemplo, quase 50% de taxa de analfabetismo entre as mulheres.
A educação das mulheres tem um reflexo direto na taxa de natalidade e, mais importante, na educação dos filhos. É impossível se modernizar apenas investindo numa elite supereducada, deixando metade das mulheres na ignorância, como faz a Índia. A China, apesar de todo o enriquecimento recente, tem também muitos excluídos.
Pelos grandes números da China e da Índia, pelo encolhimento e envelhecimento rápido da Rússia, pela nossa relativa juventude e tamanho equilibrado da população, o Brasil é o que tem o melhor quadro demográfico.
Mas que nos apressemos.
Nossa chance de dar o salto é nos próximos 20 anos; e o custo da previdência é alto demais para uma população tão jovem.
Quando se compara o Brasil com a Índia, a China e a Rússia, elas parecem mais perto do perfil de potência.
Principalmente os dois últimos países. A Rússia renascendo pela força do petróleo, depois do colapso de dez anos atrás; a China com seu crescimento acelerado.
Mas os três estão em áreas conflagradas. A Índia é vizinha do Paquistão, com quem tem disputas territoriais antigas. Ambos têm bomba atômica, e o Paquistão virou o que a imprensa americana chama de “país mais perigoso do mundo”.
Lá se refugiaram os talibãs e a al Qaeda. A Rússia reabriu a temporada de instabilidade e encomendou o que pode ser uma seqüência de episódios de conflitos. A China tem conflitos internos reprimidos pela ditadura e também pretensões expansionistas. Perto deles, o Brasil parece viver numa região pacífica. Aqui, a ameaça de guerra entre Venezuela e Colômbia durou 12 horas. Os demais BRICs têm mais o perfil de potência pelo poderio bélico e atômico. Mas sabe qual a diferença? O Brasil não tem esse tipo de pretensão sobre território alheio. Aqui o que faz falta não é o míssil russo, o exército chinês, a bomba nuclear indiana. O que nos faz falta mesmo é a educação da Coréia.
Entrevista:O Estado inteligente
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