| O Globo |
| 6/5/2008 |
Não recordo ano ou mês, mas foi lá pela metade da década de 50. Na redação da "Tribuna da Imprensa", um dia alguém comentou que no arquivo do jornal trabalhava um rapaz que escrevia bastante bem. Não era jornalista, mas tinha estudo e bestunto. Decidiu-se: "Vamos pedir uns textos a ele." Não fui protagonista, apenas testemunha. Uns textos foram pedidos, e daí em diante ninguém mais segurou Zuenir Carlos Ventura. Principalmente depois de um dia, em 1960, quando Carlos Lacerda, diretor do jornal, perguntou à redação quem poderia fazer o necrológio de Albert Camus. E só o dedo de Zuenir se levantou no ar. Quem acompanha sua carreira sabe que será aposta arriscada dizer que "1968, o que fizemos de nós" é súmula ou fecho do continuado retrato de uma geração e de um país que Zuenir já produziu e continua produzindo. Arriscada e desnecessária. O Brasil continua mudando, prossegue nos encantando, surpreendendo e assustando: continuamos precisando do mestre Zu. Para entender e nos entendermos. Este seu trabalho mais recente é em boa parte uma coleção preciosa de depoimentos. Começando com os de três moças/avós que estiveram naquele famoso réveillon em 1968 que marcou, simbolicamente, o começo de uma revolução de costumes na classe média alta e intelectualizada da época. A conversa com a trinca abre caminho para uma série de testemunhos sobre visões e ações políticas nos anos que viriam depois. Os depoimentos vão de dois Fernandos indispensáveis, Henrique e Gabeira, a José Dirceu; da professora Heloisa Buarque de Holanda a César Benjamim, que entrou na luta armada com 14 anos. E incluem Eros Grau, hóspede por uma semana do DOI-Codi e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. Sem desmerecer das escolhas, o testemunho mais rico como jornalismo é o do próprio Zuenir. Ele é um repórter e pesquisador que não perdeu a velha mania de ver de perto. De um evento chamado Chemical Musical Festival a uma batida policial em busca de traficantes de drogas modernas (ecstasy etc.), Zuenir foi atrás, para entender e contar. Tem mais. Numa espécie de parada para recuperar o fôlego, ajuda a entender muita coisa a sua lista de pessoas e comportamentos que, nestes últimos 40 anos, mudaram, acabaram ou sobreviveram. Amostra: Não desapareceram Nelson Rodrigues, maconha, minissaia e o sonho. Sumiram: comunismo, transar sem camisinha, garçonnière e psicodélico. Dá vontade de cada um fazer sua lista. Enfim, é um livro extremamente variado, inclusive no tom, como devem ser todos os vastos e abrangentes painéis. Alguém pode achar que Zuenir vai além do jornalismo, mas não é verdade. Acho mais correto dizer que é exemplo de um jornalismo que não se encontra em qualquer esquina. E vamos esperar o próximo vôo do Zuenir. Quem sabe, sobre o que vamos fazer de nós. |
Entrevista:O Estado inteligente
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