Estão querendo cadáveres para intimidar o Supremo
Leia antes o abaixo
Antes mesmo desse conflito em Raposa Serra do Sol, os bandidos e os heróis oficiais já estão definidos: são, respectivamente, os agricultores e os índios. PF para quê? Assim se fazem alguns mitos, não é? As causas vivem de seus cadáveres, não é assim? Vocês já cansaram de ver aquele vídeo do chamado “Massacre de Eldorado do Carajás”, no Pará. Os sem-terra, que bloqueavam uma estrada, avançam, com facões, contra policiais que portavam armas de fogo. O resto da tragédia vocês conhecem. Não estou justificando o que chamam "massacre". Minhas palavras são as que estão aqui: não foi um confronto entre santos e demônios, como a própria imprensa faz crer.
A questão de Raposa Serra do Sol está no Supremo Tribunal Federal. Quem foi que desrespeitou o status legal do conflito para ocupar a fazenda? Os índios. Índios quaisquer? Não. São militantes do Conselho Indígena de Roraima. E, claro, há um monte de ongueiros e militantes picaretas em busca de alguns cadáveres. A invasão da fazenda, que vai continuar — atenção: a área ocupa menos de 1% da reserva e é a maior produtora de arroz de Roraima —, não passa de uma tentativa de intimidar o Supremo.
E essa intimidação se dá com apoio oficial. Leiam isto: “O Judiciário é hoje o Poder republicano mais defasado do país. Não concordo com a interrupção da ocupação da Raposa/Serra do Sol, com a interrupção das discussões sobre pesquisas com células-tronco". Sabem de quem são essas palavras? Do ministro Paulo Vannuchi (Secretaria Especial de Direitos Humanos), durante palestra na Associação Brasileira de Imprensa. Entenderam? Como ele não concorda, está pouco se lixando se fala em nome do Executivo — e, como estava lá em função institucional, representava o presidente da República. A exemplo do pessoal da Marcha DA Maconha, ele diria que está apenas exercendo sua “liberdade de expressão”.
Quem, para NÃO variar, disse a coisa certa foi o ministro do Supremo Marco Aurélio de Mello, no dia em que se despediu da presidência do TSE: “[Recebi essa notícia] um pouco preocupado porque todo conflito gera preocupação, consideradas as conseqüências. Tomo conhecimento da notícia agora. Lastimável evento, mas que se busque a paz social, que se busque o entendimento e a compreensão do próprio contexto. E, que venha o mais cedo o possível uma definição do Supremo Tribunal Federal definindo a questão".
E, com precisão e bom humor, lembrou o óbvio: “Todo o Brasil foi ocupado pelos indígenas até os portugueses aqui aportarem. A ocupação pretérita não pode ser potencializada. Mas temos de aguardar um pouco. Se exacerbarmos a ocupação pretérita, nós vamos ter de entregar aos indígenas a minha cidade maravilhosa do Rio de Janeiro".
A ironia de Marco Aurélio é boa. Haveria uma verdadeira guerra de tribos no Rio: a tribo das ONGs que defendem os índios contra a tribo as ONGs que defendem traficantes. Seria um momento lindo... Volto ao centro: os “indigenistas” estão em busca de cadáveres para, depois, poderem exibi-los em triunfo, como faz ainda hoje o MST com as vítimas de Eldorado do Carajás.
Que o Supremo não se deixe intimidar.
Antes mesmo desse conflito em Raposa Serra do Sol, os bandidos e os heróis oficiais já estão definidos: são, respectivamente, os agricultores e os índios. PF para quê? Assim se fazem alguns mitos, não é? As causas vivem de seus cadáveres, não é assim? Vocês já cansaram de ver aquele vídeo do chamado “Massacre de Eldorado do Carajás”, no Pará. Os sem-terra, que bloqueavam uma estrada, avançam, com facões, contra policiais que portavam armas de fogo. O resto da tragédia vocês conhecem. Não estou justificando o que chamam "massacre". Minhas palavras são as que estão aqui: não foi um confronto entre santos e demônios, como a própria imprensa faz crer.
A questão de Raposa Serra do Sol está no Supremo Tribunal Federal. Quem foi que desrespeitou o status legal do conflito para ocupar a fazenda? Os índios. Índios quaisquer? Não. São militantes do Conselho Indígena de Roraima. E, claro, há um monte de ongueiros e militantes picaretas em busca de alguns cadáveres. A invasão da fazenda, que vai continuar — atenção: a área ocupa menos de 1% da reserva e é a maior produtora de arroz de Roraima —, não passa de uma tentativa de intimidar o Supremo.
E essa intimidação se dá com apoio oficial. Leiam isto: “O Judiciário é hoje o Poder republicano mais defasado do país. Não concordo com a interrupção da ocupação da Raposa/Serra do Sol, com a interrupção das discussões sobre pesquisas com células-tronco". Sabem de quem são essas palavras? Do ministro Paulo Vannuchi (Secretaria Especial de Direitos Humanos), durante palestra na Associação Brasileira de Imprensa. Entenderam? Como ele não concorda, está pouco se lixando se fala em nome do Executivo — e, como estava lá em função institucional, representava o presidente da República. A exemplo do pessoal da Marcha DA Maconha, ele diria que está apenas exercendo sua “liberdade de expressão”.
Quem, para NÃO variar, disse a coisa certa foi o ministro do Supremo Marco Aurélio de Mello, no dia em que se despediu da presidência do TSE: “[Recebi essa notícia] um pouco preocupado porque todo conflito gera preocupação, consideradas as conseqüências. Tomo conhecimento da notícia agora. Lastimável evento, mas que se busque a paz social, que se busque o entendimento e a compreensão do próprio contexto. E, que venha o mais cedo o possível uma definição do Supremo Tribunal Federal definindo a questão".
E, com precisão e bom humor, lembrou o óbvio: “Todo o Brasil foi ocupado pelos indígenas até os portugueses aqui aportarem. A ocupação pretérita não pode ser potencializada. Mas temos de aguardar um pouco. Se exacerbarmos a ocupação pretérita, nós vamos ter de entregar aos indígenas a minha cidade maravilhosa do Rio de Janeiro".
A ironia de Marco Aurélio é boa. Haveria uma verdadeira guerra de tribos no Rio: a tribo das ONGs que defendem os índios contra a tribo as ONGs que defendem traficantes. Seria um momento lindo... Volto ao centro: os “indigenistas” estão em busca de cadáveres para, depois, poderem exibi-los em triunfo, como faz ainda hoje o MST com as vítimas de Eldorado do Carajás.
Que o Supremo não se deixe intimidar.
PF abre inquérito para apurar disparos contra índios na Raposa Serra do Sol
Confronto com arrozeiros deixa 10 índios feridos a bala em Roraima
Disputa começou depois que grupo de 103 macuxis e ingaricós tentou invadir fazenda de prefeito de Pacaraima
Loide Gomes
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A Fazenda Depósito fica a sete quilômetros de Surumu, localidade a 160 quilômetros de Boa Vista que concentra os conflitos entre índios e não-índios pela posse da reserva de 1,7 milhão de hectares. Às 5 horas, um grupo de 103 indígenas, entre homens e mulheres, iniciou a ocupação de uma área da fazenda livre de plantação de arroz e afastada da sede. Em pouco tempo, eles construíram quatro malocas com palha e madeira. Dois funcionários de Quartiero chegaram ao local em motos e ordenaram a saída dos índios. Diante da negativa, foram embora e retornaram com mais quatro funcionários, em três motos e uma caminhonete.
"Eles já chegaram atirando, sem dar chance de defesa às vítimas", afirmou Júlio Macuxi, coordenador de programas do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Ele disse que a ocupação se deu pela necessidade de ampliação da comunidade Renascer, próxima à cerca da fazenda, que estaria "sufocada".
Quartiero sustentou que não estava na fazenda no momento do conflito, mas foi informado por seus funcionários de que os índios teriam invadido sua fazenda armados de cassetetes e de arco e flecha. "Os funcionários disseram que, quando tentaram retirá-los, eles atiraram flechas. Então houve reação."
SOCORRO
Os tiros foram disparados de espingardas calibre 16. A PF abriu inquérito para investigar o caso e prestou o primeiro atendimento aos feridos. Sete foram levados para o hospital de Pacaraima. Os demais, Glênio Barbosa, 22 anos, João Ribeiro, 30, e Antônio Kleber da Silva, 25, foram removidos em avião da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para Boa Vista.
O médico Renerys Pinheiro, que atendeu os três no Pronto-Socorro Francisco Elesbão, disse que os ferimentos são leves e os indígenas receberão alta ainda hoje. Glênio é ingaricó e foi atingido com estilhaços de chumbo no nariz, no lado esquerdo do rosto, no tórax e na perna. João Ribeiro teve um ferimento na perna e Antônio Kleber foi atingido no tórax e no abdômen. Os dois são da etnia macuxi.
O episódio de ontem não intimidou o Conselho Indígena de Roraima, que pretende continuar a ocupação da Fazenda Depósito. Os índios não aceitam a posse de Quartiero nem dos seis rizicultores que permanecem na área. Para eles, os produtores é que são os "invasores".
"Esse ataque é uma afronta à Constituição e ao Supremo Tribunal Federal, mas não intimida as comunidades. Ao contrário, só fortalece os indígenas da Raposa Serra do Sol e de todas as comunidades de Roraima", disse o índio Júlio Macuxi. Ele ressaltou que vai reforçar o pedido de segurança feito há um mês, e exigir que a PF desarme o que ele classificou de "milícia".
RESISTÊNCIA
A tensão na Raposa Serra do Sol recrudesceu com a Operação Upakaton 3. Comandados por Quartiero, os arrozeiros patrocinaram protestos e atos de sabotagem, que incluíram até a destruição de pontes, para impedir a entrada dos policiais nas fazendas.
Em meio à mobilização da PF, o Supremo determinou em 9 de abril a suspensão da retirada dos não-índios. O STF decidirá se a demarcação da reserva deve ser contínua ou dividida. A Raposa constitui área contínua de 1,7 milhão de hectares, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Nela vivem cerca de 20 mil índios.