O Estado de S. Paulo |
2/5/2008 |
Os últimos dez anos até 2006 se caracterizaram por uma inflação mundial surpreendentemente baixa, apesar da abundância de dinheiro nos mercados. A temporada de preços baixos tem duas principais explicações: o efeito China, que é o despejo no mercado mundial de mercadorias cada vez mais baratas produzidas por mão-de-obra asiática de baixo custo; e o emprego crescente de Tecnologia de Informação, que permitiu grande aumento de produção com menos estoques, máquinas, instalações, pessoal e capital de giro. Sem inflação para combater, os bancos centrais se permitiram trabalhar com enorme volume de moeda (juros baixos). A partir de 2007, o quadro começou a mudar rapidamente: a mão-de-obra asiática ficou mais cara e o aumento do consumo de contingentes asiáticos cada vez mais numerosos puxaram os preços da energia (petróleo) e dos alimentos. A tabela mostra como se comportou a inflação do período. Os bancos centrais são os encarregados do contra-ataque. O mais poderoso deles, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), pretendia agir a partir do terceiro trimestre de 2007, mas foi atropelado pelo estouro da bolha das hipotecas podres, pelo estrangulamento do crédito e pela ameaça de quebra dos bancos. Teve de dar prioridade para o combate ao fogo e deixar a inflação para quando desse. Esse não é o único problema com que os bancos centrais têm agora de lidar. E aí é preciso retomar certos conceitos. A disparada dos preços pode ser classificada ou como inflação de custos ou como inflação de demanda. A primeira decorre de fatores sazonais, climáticos ou catástrofes. A segunda provém da disparada do consumo acima da capacidade de oferta da economia. Em geral, os bancos centrais não combatem a inflação de custos porque ela não pode ser alcançada por escasseamento do influxo de dinheiro (juros altos). Em princípio, política monetária mais apertada não derruba os preços do petróleo ou do tomate, que advém do excesso de chuvas. Por isso, trabalham com o conceito de núcleo de inflação (core inflation), do qual é expurgada a alta dos alimentos e do petróleo. O problema está aí. Embora seja conseqüência do aumento da demanda asiática, a alta dos alimentos e do petróleo (e das commodities) é percebida em cada país como inflação de custos não passível de enfrentamento por meio da política de juros. Este deve ser entendido como um dos grandes desajustes entre a globalização da economia e os mecanismos unicamente locais de política econômica. Mas há precedentes de mudança de estratégia. Na década de 80 a economia americana também era minada pela inflação provocada pelo choque do petróleo, uma brutal inflação de custos. No entanto, o então presidente do Fed, Paul Volcker, não vacilou em usar artilharia pesadíssima. Puxou os juros básicos ao patamar dos 20% ao ano, mas em sete anos conseguiu o que queria. Mais cedo ou mais tarde, os bancos centrais dos países ricos deverão retomar os métodos de Paul Volcker. Poderão provocar uma forte recessão, como a que prostrou a economia americana de 1990 até 1991, mas ganharão a parada. |
Entrevista:O Estado inteligente
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