Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 04, 2008

Acabou em farsa

ESTÁ DEFLAGRADA uma disputa duríssima por adesões sindicais em escala nacional. Poucas vezes na história deste país se viu tanto empenho da parte das centrais para aumentar a sua lista de instituições filiadas. Engalfinham-se não exatamente pelo bem do trabalhador: disputam um "pote de ouro" de até R$ 100 milhões neste ano, oriundo do chamado imposto sindical.
Há um mês, chegava ao fim uma longa história envolvendo as centrais sindicais brasileiras. No rol dos grupos emergentes que constituíram a "nova sociedade civil", a partir do final da década de 1970, essas entidades prometiam modernizar o sindicalismo brasileiro, rompendo a tutela estatal que, desde meados do século, caracterizava a organização trabalhista no país.
Mas o que começou em ritmo épico acabou em anticlímax, como farsa. A lei nº 11.648, de 31 de março deste ano, atrelou as finanças das centrais sindicais ao Estado, a pretexto de seu "reconhecimento" legal. As agremiações ganharam direito a um quinhão do imposto sindical. O tributo, pilar da tutela varguista, toma um dia de serviço de todo trabalhador com carteira assinada e o entrega de mão beijada a entidades de classe.
A representatividade é critério para dividir o bolo do imposto entre as centrais. Quanto maior o número de sindicatos filiados e de trabalhadores sindicalizados, maior será a fatia amealhada. Vale tudo para conquistar a, digamos, simpatia dos dirigentes de entidades que ainda não aderiram a nenhuma central -viagens ao exterior, por exemplo.
Foi-se o tempo em que as centrais enxergavam no imposto sindical um empecilho ao livre exercício da representação trabalhista. Agora admitidos no paraíso da finança fácil, dão-se a uma acirrada disputa por filiados, mas apenas para saber quem mama mais. Triste fim.

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