Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 02, 2007

RUY CASTRO Artista brasileiro

RIO DE JANEIRO - "Sgt. Pepper's", o LP dos Beatles, fez ontem 40 anos e está sendo justamente comemorado. Sobram louvações a seu repertório, arranjos, interpretações e ao LP em si, em termos gráficos e conceituais. Para os intrépidos, é o maior disco de música popular de todos os tempos. A ver.
Não se discutem a riqueza musical e a beleza física do produto. São tantas as qualidades, aliás, que não é preciso inventar outras a que ele não faz jus. Não foi, por exemplo, o primeiro LP "conceitual" da história -ou seja, gravado com uma unidade temática ou sonora, em vez de uma coletânea de faixas soltas, como se diz que era a regra.
Em 1967, LPs "conceituais" eram tão comuns quanto andar para a frente. Nos dez anos anteriores, Frank Sinatra, na Capitol, Ella Fitzgerald, na Verve, e Louis Armstrong, na Decca, já tinham gravado dezenas com essas características. Na verdade, antes até da invenção do LP já se gravavam álbuns "conceituais" de discos em 78 rpm, inclusive no Brasil, como o "Mario Reis apresenta Sinhô", da Continental, em 1951.
E "Sgt. Pepper's" não foi também o primeiro a trazer as letras das canções impressas -no caso, na parte interna da capa dupla. Daqui de onde estou, vejo vários LPs brasileiros anteriores e com as letras na contracapa: "Se Acaso Você Chegasse", com Elza Soares, de 1960; o essencial "O Amor, o Sorriso e a Flor", com João Gilberto, idem, de 60; e "Malandro em Sinuca", com Moreira da Silva, de 1961. Mas nenhum mais radical do que "A Noite de Meu Bem", com Lucio Alves, de 1959: seis letras na capa e as outras seis na contracapa.
Todos esses LPs eram da Odeon e tinham como diretor de arte Cesar G. Villela, famoso depois pelo visual da gravadora Elenco. Mas Cesar é apenas um grande artista brasileiro -não conta.

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