Lauro Jardim
• GOVERNO
O trapalhão 1
Sem alarde, o caso do trapalhão Mangabeira Unger está entregue ao Conselho de Ética do governo. Ele foi aconselhado a agir assim pelos patrocinadores de sua escolha como futuro ministro da Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo (Sealopra). O confuso Mangabeira, como se sabe, queria tomar posse tendo ainda relações de trabalho com a Brasil Telecom, o que é, obviamente, proibido. Só que ele nada avisara ao governo.
O trapalhão 2
Na véspera de a imprensa divulgar que ele estava processando a Brasil Telecom, o tumultuado Mangabeira ligou para o Planalto e disse justamente o contrário: que estava surpreso de estar sendo processado pela BrT. Ninguém entendeu nada.
O trapalhão 3
A chance de o complicado Mangabeira ser ministro é hoje próxima a zero. Sorte de Lula. Sorte do Brasil. Azar dos humoristas.
Eu quero é nomear
Os escândalos da Gautama e de Renan Calheiros tiveram o condão de parar com a farra de nomeações para o segundo escalão. Parou tudo. Inclusive a pressão da base governista. Mas os políticos estão indóceis.
Relacionamento entre poderes
O ministro do STF Gilmar Mendes telefonou na semana passada para Tarso Genro. Foi uma conversa de primeiro escalão de dois poderes das mais pesadas de que se tem notícia. Furioso, Mendes reclamou da atuação da PF, que vazou extra-oficialmente o seu nome como um dos beneficiários dos presentinhos da Gautama – informação falsa, ressalte-se. As respostas de Tarso foram igualmente duras. |
• SENADO
Amigo é para essas coisas
José Sarney foi o único político que durante o fim de semana passado ajudou Renan Calheiros a redigir o discurso lido na segunda-feira no Senado. Fez várias sugestões que foram incorporadas ao texto final.
• ELEIÇÕES 2008
Marta e Alckmin
O Ibope acaba de fechar uma pesquisa sobre a disputa do ano que vem para a prefeitura de São Paulo. Deu Geraldo Alckmin e Marta Suplicy, empatados, na cabeça: 35% das intenções de voto para cada um deles. O prefeito Gilberto Kassab não chegou aos dois dígitos.
• ECONOMIA
O shopping, a bolsa e o bilhão
A oferta pública inicial de ações (IPO) do grupo Multiplan, coordenada por Credit Suisse, Bradesco e UBS Pactual, será de 1 bilhão de reais. O Multiplan é dono de nove shopping centers e administra outros cinco no Brasil.
A Philips compra...
A Philips anuncia nos próximos dias uma nova aquisição: uma empresa brasileira fabricante de produtos para a área da saúde. Hoje, além de eletroeletrônicos em Manaus, a empresa holandesa fabrica lâmpadas em São Paulo e utilidades domésticas e reatores em Minas Gerais.
...e fica onde está
A propósito dos eletroeletrônicos, o presidente da Philips, Paulo Zottolo, passou a semana passada na Holanda. Bateu o martelo com a matriz pela manutenção da fábrica de Manaus, ameaçada por problemas de competitividade por causa de incentivos fiscais dados à concorrente LG.
De novo na cadeia, quinze anos depois
Na quinta-feira retrasada, dia 24, completaram-se quinze anos da prisão de Edir Macedo, acusado, então, de "charlatanismo, curandeirismo e crimes de estelionato" contra os fiéis da Igreja Universal. Onde estava naquele dia o bispo-chefe da Universal e dono da Record? Na mesma cela de uma delegacia de São Paulo onde ficou por duas semanas – até que um habeas corpus impetrado por Márcio Thomaz Bastos o tirou de lá. Especialista intuitivo em marketing, Macedo resolveu reviver seu martírio para a biografia que Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo da Record, está escrevendo. |
• BRASIL
Vai ficando...
Mais uma vez a Petrobras decidiu estender o contrato que tem com três agências de publicidade – Duda, Quê e F/Nazca. Agora, foi prorrogado até o fim do ano. O contrato inicial, de dois anos, foi feito em 2003. Foi renovado sem licitação. Acabou em dezembro passado e já foi estendido três vezes por causa de problemas da estatal com o TCU. A Petrobras investe 250 milhões de reais por ano em propaganda.
Interesses republicanos
Aliás, é notável o interesse do senador Romero Jucá na licitação para a contratação de agências de publicidade para os Correios. E olha que não tem agência de Roraima, estado do senador, de olho no negócio.
600 000 diálogos
É evidente que a obrigação de um advogado é buscar meios para absolver o seu cliente. Alguns, no entanto, exageram na cara-de-pau. Como, por exemplo, o advogado que defende um desembargador fluminense encrencado na Operação Hurricane. Ele acaba de solicitar ao STJ algo muito simples: que o tribunal disponibilize para ele a degravação de todo o material grampeado pela PF. Ressalte-se que o advogado já possuía os trechos em que o seu cliente estava implicado. Mas ele quer tudo. Bem, a PF gravou quase 600 000 diálogos. Feitas as contas, a degravação de tudo levaria 41 anos. O que ele quer está na cara: retardar (e como) o processo do seu cliente.
Onde mora o perigo
A Companhia Docas do Estado de São Paulo está se armando. Abriu licitação para a compra de alguns itens para o dia-a-dia da estatal. Entre eles: 150 pistolas, dez espingardas e 5 500 cartuchos de munição, além de 230 coletes à prova de balas.
• VINHO
O pinot noir cresce
Não se sabe se é efeito do filme Sideways, mas nunca antes no Brasil se tomou tanto pinot noir, o vinho da cepa favorita do personagem vivido na trama por Paul Giamatti. Há cinco anos, a produção de vinhos dessa uva pela Miolo – a principal fabricante de vinhos finos do país – não ultrapassava as 20 000 garrafas por ano. Para 2007, a meta da empresa é produzir 90 000 garrafas exclusivamente dessa casta. Para efeitos de comparação, a produção de vinhos cabernet sauvignon, os mais populares, é de 100 000 garrafas por ano.
Com Jan Theophilo
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