Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 09, 2007

Mônica Veloso fala com exclusividade a VEJA

Brasil
"Dinheiro era
sempre com Cláudio"

Mônica Veloso diz que recebia a pensão das
mãos do lobista, em dinheiro vivo e na Mendes
Júnior – e que Renan nem falava de dinheiro


Policarpo Junior

Anderson Schneider
Mônica, na semana passada: ela decidiu falar depois que percebeu que vinha sendo apresentada como "uma pessoa desclassificada, uma chantagista"

Há duas semanas, VEJA revelou que o senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, teve algumas de suas despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, lobista da construtora Mendes Júnior. O senador recorreu aos préstimos financeiros do lobista para pagar a pensão e o aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos. Desde então, todos os personagens do caso já se manifestaram publicamente. O senador admitiu que pediu ao lobista que atuasse como intermediário entre ele e a jornalista, mas garantiu que o dinheiro era seu. O lobista, em depoimento no Senado, confirmou a versão do senador. Até a esposa de Calheiros, Verônica, falou sobre o caso, embora tenha discorrido sobre o romance extraconjugal do senador, assunto que só interessa a ela e ao seu marido, e não tenha dito mais do que uma palavra sobre a origem do dinheiro que bancava a pensão e o aluguel, assunto, esse sim, que interessa ao país.

A única personagem que ainda não havia contado sua versão resolveu falar. A jornalista Mônica Veloso, 38 anos, em entrevista exclusiva a VEJA, conta que:

o dinheiro que recebia era sempre pago pelo lobista da Mendes Júnior;

os pagamentos eram sempre em dinheiro vivo;

como regra, os pagamentos eram feitos no escritório da Mendes Júnior em Brasília. Poucas vezes aconteceram fora dali;

Renan Calheiros nunca falava de dinheiro e nunca lhe dissera que o dinheiro era dele;

sempre que tinha de tratar de dinheiro, o interlocutor era o lobista Cláudio Gontijo, nunca o senador.

Evaristo Sá/AFP
Clique na imagem para ampliar
Renan Calheiros, que sustenta ter saído de suas contas todo o dinheiro que pagou despesas da jornalista Mônica Veloso: o extrato (à dir.) da conta de Renan mostra que, até 15 de março de 2004, não houve saque de 43 200 reais para pagar um ano de aluguel


Luiz Antonio/Ag. Lar
A casa, cujo aluguel foi pago adiantado: de onde saiu o dinheiro?


Mônica Veloso diz que decidiu falar para se defender do fato de estar sendo apresentada como "uma pessoa desclassificada". Ela diz: "Falam como se eu não tivesse profissão, nem família, nem meio de vida, como se fosse uma chantagista. Tenho uma produtora, casa própria, profissão. Eu não freqüentava o mundo político indo a festas. Eu era jornalista da TV Globo. Não havia como não conhecer os políticos. Quando montei minha produtora, fiz muitos contatos no Ministério da Integração Nacional, das Minas e Energia, da Educação, na Eletronorte. Fazia programas para o PTB, o PMDB. Conheci o Renan trabalhando, não indo a festas. Quando engravidei, achamos melhor eu me afastar de tudo. Depois, fui voltando aos poucos. Tudo acordado com ele. Eu sempre protegi o Renan".

A seguir, a entrevista:

A senhora recebia dinheiro das mãos do lobista Cláudio Gontijo? Sim, recebi durante quase dois anos.

Quando foi a primeira vez? Foi entre fevereiro e março de 2004.

Os pagamentos seguiram até quando? Até novembro de 2005.

O dinheiro pertencia a quem? Não sei. Renan está dizendo agora que o dinheiro era dele, mas ele nunca me disse isso antes.

A senhora perguntou? Não, eu recebia uma pensão e não fazia sentido perguntar de onde vinha o dinheiro. Isso parece importante agora por causa desse turbilhão, mas para mim não era. Eu pegava o dinheiro com o Cláudio e ponto. Não ia ficar questionando.

A senhora falava de dinheiro com o senador? Nunca falávamos de dinheiro. Assunto de dinheiro era sempre com o Cláudio.

Onde a senhora pegava o dinheiro? Na maioria das vezes, era no escritório da Mendes Júnior. Mas houve várias formas. Nos últimos meses da gravidez (a criança nasceu em julho de 2004) e no período do resguardo, o Cláudio me entregava os envelopes com dinheiro na minha casa, na minha produtora... Mas, depois disso, eu ia buscar o dinheiro na Mendes Júnior e o depositava na minha conta. Não tenho o costume de guardar dinheiro debaixo do colchão.

A senhora pegava o dinheiro na portaria do edifício da Mendes Júnior ou entrava no escritório? Eu chegava ao prédio e me identificava na portaria. Eles anotam nome, identidade, hora e a sala aonde você vai. Se eles guardaram esses registros, é só conferir que minhas entradas estarão todas lá. Eu pegava o elevador até o 11º andar. Lá, me anunciava no interfone e a secretária abria a porta do escritório.

Como era repassado o dinheiro? Cláudio me recebia na sala dele e me entregava o envelope. Alguns envelopes tinham o logotipo da Mendes Júnior.

Havia dia certo para pegar o dinheiro? Era sempre no início do mês, mas não tinha dia certo. Às vezes era no dia 4, no dia 5, no dia 8. Eu ligava para o Cláudio e perguntava se podia passar lá.

O dinheiro não era depositado na sua conta? Não, eu sempre pegava um envelope com dinheiro vivo.

Clique na imagem para ampliar
Ed Ferreira/AE
Os extratos da conta de Renan mostram saques para bancar o fundo de 100 000 reais, mas sugerem que o senador tem o hábito de guardar dinheiro sob o colchão.Tuma (à dir.), corregedor do Senado, ouviu o lobista e parece ser o único a crer em tudo o que ouviu

Na terça-feira passada, o corregedor do Senado, Romeu Tuma, ouviu o depoimento do lobista Cláudio Gontijo. A conversa foi a portas fechadas e durou cerca de duas horas. Conforme o relato de Tuma, o lobista negou que tivesse custeado com seu dinheiro as despesas com a jornalista e confirmou que se encarregava dos repasses financeiros – ressalvando que fazia depósitos na conta da jornalista. "A maioria foi depósito no banco, parece que no Unibanco", disse Tuma. Como se vê, a jornalista desmente o lobista. Curiosamente, até o senador Renan Calheiros já desmentiu o lobista. Em resposta dada por escrito a VEJA há uma semana, o senador admitiu que os repasses à jornalista eram em dinheiro vivo. O único que parece ter acreditado no lobista é o senador Tuma. "Gontijo foi convincente, sereno, tranqüilo", disse. Tuma, policial experiente que chegou a chefiar a Polícia Federal, não teve curiosidade de pedir ao lobista seus extratos bancários, com os quais poderia provar que nada sacou de suas contas pessoais para pagar à jornalista. Tuma apenas pediu ao lobista os recibos de depósitos em favor da jornalista. Surpreendentemente, o lobista disse que não tem nenhum recibo, que depositou o dinheiro sem se identificar, e não guardou nem os registros anônimos.

Em vez de pedir provas materiais ao lobista, o senador Tuma, numa inversão do ônus da prova, disse que gostaria de ver os extratos da jornalista para verificar a existência dos supostos depósitos do lobista. Chama atenção que o senador tenha apelado para tamanha tolice: claro que há depósitos na conta da jornalista, pois ela mesma os fazia; o fundamental é cobrar a prova do lobista de que ele foi o autor dos depósitos. No dia seguinte ao do depoimento do lobista, o advogado da jornalista, Pedro Calmon Filho, mandou carta a Tuma reafirmando que os repasses eram em dinheiro vivo e ofereceu os extratos de sua cliente, com uma condição elementar: se o lobista apresentar os recibos dos tais depósitos, a jornalista exibirá seus extratos. Até a sexta-feira passada, o lobista não respondera ao desafio.

A senhora disse que começou a receber dinheiro das mãos de Cláudio Gontijo entre fevereiro e março de 2004. Qual foi esse primeiro pagamento? Eu estava deixando o apartamento onde morava e alugando uma casa no Lago Norte. Ficou combinado que o aluguel de um ano seria pago adiantado. O Cláudio foi ao edifício onde eu ainda morava e me deu um envelope com o dinheiro.

Quanto? Salvo engano, 40 000 reais. Fui à imobiliária e paguei o ano inteiro do aluguel.

Que outros valores o lobista lhe repassava? Na mesma data em que me mudei para a casa do Lago Norte, acertamos que as despesas decorrentes da mudança seriam de 8 000 reais por mês.

Com quem a senhora fez esse acerto? Com o Cláudio e o Renan. Depois disso, o Renan nunca mais tocou em assunto de dinheiro. Quero deixar claro que a pensão não foi estabelecida para me sustentar. Sempre tive uma boa condição financeira. Tenho minha empresa de comunicação, tinha contrato com órgãos importantes do governo. Os 8 000 reais foram acertados para me adaptar às novas circunstâncias de uma gravidez que devia ser mantida com discrição. Eu morava num apartamento que me pertence até hoje e fui morar numa casa alugada para fazer essa adaptação.

A senhora sempre recebeu 8 000 reais? Nem sempre. Houve um período em que o Cláudio pagou 2 800 reais de despesas com uma empresa de segurança. Essa despesa apareceu logo depois do parto da minha filha. Eu estava recebendo telefonemas com ameaças anônimas. Fiquei com medo, procurei o Renan e ele me orientou a tratar com o Cláudio. Eu fiz um levantamento das empresas e o Cláudio ficou com a parte financeira.

O contrato da casa no Lago Norte era por três anos. Por que a senhora saiu depois de um ano? Porque as ameaças não pararam. Em março de 2005, resolvi alugar um apartamento, onde sentisse mais segurança.

Gontijo pagava esse aluguel? Sim, era de 4 000 reais. De março de 2005 em diante, ele me entregou a pensão e o aluguel. Os envelopes passaram a ter 12 000 reais. Isso durou até novembro de 2005.

Eraldo Peres/Photo Agencia
Ed Ferreira/AE
O prédio onde fica o escritório da Mendes Júnior, em Brasília, e o lobista Cláudio Gontijo: ele disse que depositava na conta da jornalista, mas não apresentou um único recibo de depósito...

Recapitulando-se a descrição de Mônica Veloso, tem-se que ela recebeu dinheiro de março de 2004 a novembro de 2005. Começou com 40 000 reais para pagar um ano de aluguel antecipadamente – na verdade, 43 200 reais, pagos em 15 de março de 2004, conforme recibo da imobiliária. Além disso, ela recebeu pensão mensal de 8 000 reais e, de agosto de 2004 a março de 2005, mais 2 800 reais para pagar a empresa de segurança. De março de 2005 em diante, quando trocou a casa pelo apartamento, além da pensão de 8 000, foram incorporados 4 000 reais para o aluguel, num total de 12 000 reais. São essas despesas que Renan Calheiros garante que saíram de seu bolso. Na semana passada, VEJA teve acesso aos extratos bancários que o senador entregou no Senado. Os extratos provam que ele tinha recursos para arcar com as despesas, mas a movimentação bancária compromete sua defesa: os saques em dinheiro quase nunca conferem com as datas em que a jornalista recebia os recursos.

O caso mais gritante de descompasso é o dos 43 200 reais que, em 15 de março de 2004, saldaram um ano de aluguel da casa. Na primeira quinzena de março daquele ano, Calheiros fez cinco saques em dinheiro de sua conta no Banco do Brasil. Somam 18 550 reais. É dinheiro insuficiente para o aluguel de um ano. Admitindo-se que o senador tenha sacado o dinheiro no mês anterior, ainda assim a conta não fecha. Em fevereiro, o senador fez três saques, somando 11 450 reais. Ainda é pouco. Recue-se então até janeiro. Nesse mês, o senador fez quatro saques em dinheiro, totalizando 18 305 reais. Enfim, somando-se todos os saques de janeiro, de fevereiro e da primeira quinzena de março, chega-se a 48 305 reais. Sim, dava para pagar os 43 200 do aluguel de um ano, mas sobram só 5 000 reais. E, além do aluguel de um ano, o senador tinha de bancar a pensão de 8 000 reais. Portanto, definitivamente, o dinheiro não saiu de suas contas. Saiu de onde?

Os extratos também trazem notícias ruins para o senador quando se tenta localizar ali outros pagamentos à jornalista. De agosto de 2004 a março de 2005, por exemplo, ela recebeu 8 000 reais de pensão e 2 800 reais para pagar sua segurança, o que resulta em 10 800 reais. A pensão era paga no início do mês. A empresa de segurança, conforme consta do contrato, recebia até o quinto dia útil do mês. Pois os extratos do senador não têm saques em dinheiro no valor de 10 800 reais, nem estendendo-se a consulta até o dia 10 de cada mês. Em agosto de 2004, o senador fez um saque alto em dinheiro, de 32 000 reais, mas só no dia 16, quando tudo, pensão e segurança, já havia vencido. No mês seguinte, não há saque em dinheiro. Em outubro, há apenas um, de 4 120 reais, insuficiente para as despesas. Em novembro, não há saque em dinheiro de novo. Em dezembro, idem. A pergunta que resta é: de onde saíam os 10 800 reais?

Os extratos mostram que o senador movimenta muito dinheiro e sempre saca mediante a apresentação de cheques na boca do caixa. Nunca usa caixa eletrônico nem terminais de auto-atendimento. Há saques altos, de 50 000 ou 100 000 reais em dinheiro vivo. Como as datas das retiradas não conferem com as dos pagamentos à jornalista, mas há saques de valores expressivos, o senador poderá alegar que pegou o dinheiro e guardou-o em casa por dias, por semanas, às vezes por meses, até chegar a hora do pagamento. Faz sentido matemático, mas não faz nenhum sentido prático. É difícil acreditar que, num país com tantas aplicações financeiras e uma taxa de juros tão apetitosa, alguém julgue atraente deixar dinheiro em casa sem rendimento. Renan fazia isso?

Em dezembro de 2005, o senador reconheceu a paternidade de sua filha e passou a pagar pensão de 3 000 reais. Por que o valor caiu de 8 000 para 3 000? Porque o salário do Renan no Senado era de 12 000. Ele não podia pagar 8 000 de pensão e 4 000 de aluguel.

Mas o senador tem rendimentos agropecuários. Não posso revelar mais detalhes sobre isso porque o processo judicial é sigiloso. Posso dizer que ele pagou 3 000 reais, descontados na folha salarial, até maio de 2006, quando fizemos um acordo. Como antes eu recebia 12 000 e passei a receber só 3 000, tinha uma diferença. Renan concordou em pagar 100 000 reais.

Os 100 000 reais não eram um fundo de educação para a filha de vocês? Nunca houve esse fundo. Os nossos advogados chegaram a um acordo para compensar a diferença. Os advogados de Renan pediram que no recibo saísse que era um fundo. Na verdade, nunca foi isso. Eu não tinha outra opção. Ou aceitava isso ou não recebia nada. Não havia razões para rejeitar. O pagamento foi feito em duas parcelas de 50 000 reais, em dinheiro vivo.

Por que dinheiro vivo? Os advogados dele (refere-se ao senador) é que apareceram com duas sacolas de dinheiro...

José Varella/CB Press
Cafeteira, relator do processo de Renan: "Chamar a moça para quê? Para fofocar?"


Nos extratos bancários de Calheiros, encontram-se os saques em dinheiro para pagar os 100 000 reais – mas, de novo, é preciso crer que o senador tinha o hábito de esconder dinheiro sob o colchão. A primeira parcela, de 50 000 reais, foi paga em 24 de maio de 2006. As retiradas feitas antes disso dão de sobra. O senador sacou 106 000 reais no dia 3 de maio e, seis dias depois, mais 15 000 reais. Ao todo, dá 121 000 reais. No dia 24, portanto, tinha os 50 000 reais para pagar à mãe de sua filha e ainda sobraram 71 000 reais. O curioso é o que acontece na hora de pagar a segunda parcela de 50 000 reais, em 27 de junho. No mês de junho, a conta do senador registrou só dois saques em dinheiro, num total de 25 000 reais. Para dispor de 50 000 reais no dia 27, o senador teve de recorrer às retiradas feitas no mês anterior. Isso significa que sacou no início de maio uma montanha de dinheiro que só seria usada no fim do mês seguinte. Ficou quase dois meses com dinheiro sob o colchão. É possível, claro, mas é altamente improvável.

A senhora encontrou o senador num flat de Gontijo no hotel Blue Tree? Sim, várias vezes.

O senador tinha um flat no mesmo hotel. Por que vocês usavam o do lobista? Pergunte para o Renan.

Até quando a senhora se encontrou com o senador? Nossa relação durou até dezembro de 2005.

Então, se o senador quisesse, até dezembro de 2005, ele mesmo poderia lhe entregar o dinheiro? Nós nos encontramos até dezembro de 2005. Foram três anos de uma relação intensa, que começou quando ele ainda era líder do PMDB (o senador foi líder do partido de fevereiro de 2001 a fevereiro de 2005) e continuou depois que foi eleito presidente do Senado. Até dezembro de 2005, quando houve o reconhecimento da paternidade, foi uma relação tranqüila e, ao contrário do que disseram, não era eventual.

Mas então o senador poderia lhe repassar dinheiro sem recorrer ao lobista? Ficávamos a sós, se é isso que você quer saber.

Qual é a sua relação com Gontijo? Nenhuma. Não somos amigos. Conheci o Cláudio por meio do Renan em meados de 2003. Nunca o tinha visto antes. Ele não é da minha área, que é comunicação, publicidade. Depois de novembro de 2005, quando a pensão passou a ser paga com desconto no salário do Renan, o Cláudio sumiu. Nunca mais trocamos nem um telefonema.

A alegação do senador Calheiros para ter recorrido ao lobista da Mendes Júnior é que, tendo um caso extraconjugal, precisava fazer os pagamentos de modo discreto. Recorreu ao lobista porque ele era amigo das duas partes. Mônica diz que não era amiga do lobista, e, se fala a verdade quando informa que seus encontros com o senador duraram até o fim de 2005, cai outra alegação. Se houve encontros até 2005, o senador poderia ter levado, ele mesmo, o dinheiro a ela. Tudo indica que, em sua solene defesa no Senado, Renan Calheiros mentiu para seus pares.

A entrevista de Mônica, associada ao depoimento do lobista e aos extratos do senador, derruba algumas versões e mantém a dúvida central: quem pagava as despesas do senador? Na semana passada, o conselho de ética do Senado abriu processo para investigar as ligações do senador com o lobista. O senador não gostou. Preferia que o caso fosse encerrado logo. Mas é engano imaginar que a abertura de processo significa que o Senado está empenhado numa investigação séria. A maioria dos senadores está decidida a acabar com o assunto de uma vez, mas precisa produzir ao menos um simulacro de legalidade. É assim que funcionam os clubinhos fechados. O relator do caso será o senador Epitácio Cafeteira, 82 anos, do PTB do Maranhão, aliado de Renan Calheiros e José Sarney. Quando o jornal O Globo perguntou a Cafeteira se ele pretende convocar a jornalista para depor, o senador deixou evidente sua disposição de abafar o caso: "Chamar a moça para quê? Para fofocar?". Não, Cafeteira, chame a moça para ajudá-los a fazer contas.

Com reportagem de Otávio Cabral

Arquivo do blog