Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 07, 2007

CLÓVIS ROSSI A corrupção e a agenda FOLHA

KÜHLUNGSBORN - Houve um tempo, um longo tempo, em que o Brasil ficava
fora da discussão internacional porque sua situação econômica interna
era incompreensível no mundo civilizado.
Refiro-me à elevada inflação, que atravessou décadas machucando os
brasileiros. Para o mundo civilizado, era incompreensível. Para o
Brasil, era o assunto hegemônico.
Depois que a inflação foi posta sob controle, e mais ainda agora, que
está abaixo da de alguns países ricos, a agenda brasileira começou a
ficar parecida com a do mundo.
Até que a corrupção foi se transformando no assunto predominante no
noticiário político. Corrupção não é, ao contrário da inflação
elevada, um tema incompreensível para o resto do mundo. Bem ao
contrário: todos a entendem.
A grande diferença está na intensidade com que surge na agenda
brasileira e na quantidade de agentes políticos que é a todo instante
alcançada por denúncias ou, com grande freqüência, por fatos que não
podem ser desmentidos.
O resultado é o que se vê agora. O mundo está debatendo os assuntos
que são a pauta básica do G8, o presidente brasileiro entra na
reunião amanhã, como convidado especial, ao lado de quatro outros
presidentes de países emergentes, mas o debate político brasileiro
passa ao largo disso tudo.
Fala-se muito pouco, por exemplo, de aquecimento global, o tema
principal da cúpula do G8. Como o próprio nome indica, trata-se de um
fenômeno de alcance planetário. Como o Brasil pertence ao planeta,
deveria ser um tema seu também. Mas está meio soterrado por Vavá,
Zuleido, Morelli e cia.
Não que devêssemos desterrar essa gente da agenda pública. Ao
contrário: deveríamos ficar espertos e constatar que a corrupção, do
tamanho que foi ficando, nos afasta da agenda global. Um prejuízo
imaterial, mas não desprezível.
crossi@uol.com.br

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