Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Volta o (bom) conflito


EDITORIAL
Folha de S. Paulo
19/1/2007

A CANDIDATURA do tucano Gustavo Fruet à presidência da Câmara, se for até o fim, terá o mérito de restituir algum grau de disputa ao processo. O clima de convescote governista do torneio entre Aldo Rebelo (PC do B) e Arlindo Chinaglia (PT) não interessa ao país, pois sepulta a agenda depuradora que a sociedade vem exigindo do Legislativo -e submete a Casa ao Poder Executivo.
É uma pena, porém, que a idéia original que animava o projeto de uma terceira via na Câmara não tenha vingado. Gustavo Fruet, paranaense de 43 anos, teve atuação de destaque durante os escândalos que envolveram o governo no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, o fato de ser filiado ao principal partido de oposição e de ser pouco conhecido como figura pública fora do círculo parlamentar mina a iniciativa.
A tarefa que se impõe à Câmara, após a devastação causada por mensaleiros e sanguessugas, pela tragicômica presidência de Severino Cavalcanti e pela tentativa de dobrar os salários dos congressistas, não é trivial. Restituir autonomia e respeito popular à função legislativa exigiria um verdadeiro estadista. Um deputado com sólido respaldo na sociedade, capaz de liderar um movimento suprapartidário, seria o candidato ideal.
Fruet é o portador, vale reconhecer, de algumas das propostas necessárias para o processo de depuração da Casa. Defende o voto aberto em todas as deliberações no Congresso, por exemplo.
Se o tucano não é o postulante ideal de uma terceira via, o advento da sua candidatura ao menos obrigou o PSDB a recuar do vexatório apoio à chapa petista. O fato, portanto, devolve um saudável clima de competição partidária a uma eleição na qual antes vicejavam o conchavo, a acomodação corporativa e o desrespeito ao público.

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