Entrevista:O Estado inteligente

sábado, janeiro 20, 2007

VEJA Carta ao leitor


O marco civilizatório

João Laet/Agência O Dia/AE
Lula, na reunião do Mercosul: integrados mas diferentes

Falta um trecho para o Brasil chegar à estrada asfaltada que nos levará sem solavancos ao desenvolvimento sustentado. Falta um ambiente de negócios menos hostil à inovação, falta incentivo à produtividade e, principalmente, falta um Estado com o mesmo manequim do PIB e que controle sua fome insaciável por recursos. Mas não ocorre a ninguém minimamente responsável no Brasil a idéia de retroceder um centímetro do ponto a que se chegou até agora. Somos um país que vive um inédito consenso em torno dos fundamentos da vida civilizada – a democracia e a estabilidade econômica, o progresso social pela melhoria dos padrões educacionais e a integração aos fluxos globais de idéias e práticas sociais e ambientais sadias.

Por isso foi um choque receber no Rio de Janeiro na semana passada, para uma reunião de cúpula do Mercosul, chefes de Estado de países vizinhos como Venezuela, Bolívia e Equador, onde as virtudes celebradas e cultivadas no Brasil estão sendo demolidas. Uma reportagem da presente edição mostra que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se viu cercado de caciques populistas cuja irrelevância no contexto mundial só rivaliza com sua raivosa rejeição aos consensos que o Brasil abraçou. Lula dirigiu-se em especial ao venezuelano Hugo Chávez, cuja irresponsabilidade fiscal e descaso com as riquezas petrolíferas de seu povo fazem dele o financiador da vanguarda do atraso na região. O presidente brasileiro sinalizou com a necessidade de avançar a integração regional mas traçou os esboços de um marco civilizatório do qual não retrocederá e que começa pela entrega da liderança do processo aos países de economia maior, mais moderna e mais complexa – ou seja, o Brasil e a Argentina.

Os esforços do Brasil estão sendo recompensados. Pelo que mostram os indicadores recentes que medem o grau de risco de investir nos países emergentes, o Brasil desgarrou seu perfil da geléia geral da região. Como a chilena, a economia brasileira é vista pelo mundo como produto de uma civilização distintamente melhor do que a da América do Sul. Já era tempo.

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