Entrevista:O Estado inteligente

domingo, janeiro 07, 2007

SERGIO COSTA Terrorismo e genocídio RIO

RIO DE JANEIRO - Na primeira semana do ano, a gente descobre, de repente, que vive numa mistura de Bagdá com Alemanha do período nazista. Ao menos na retórica de Lula e Sérgio Cabral. O primeiro falou que a onda de ataques no Rio é terrorismo. O segundo, que os hospitais do Estado promovem genocídio. Menos, pessoal, menos.
O tom indignado do presidente e do governador soa exagerado. Lula esteve ali, naquela cadeira em Brasília, nos últimos quatro anos. Cabral, nos oito anos da dinastia Garotinho, não se notabilizou exatamente por discursos inflamados de oposição. Ele foi presidente da Assembléia e senador pelo Rio.
Ou seja, ambos também têm responsabilidade, no mínimo por omissão, sobre o estado de coisas que definem agora com termos pesados. Pode-se até dar um crédito maior a Cabral, com o devido desconto à sua inclinação marqueteira. Está em começo de governo e a fim de mostrar serviço em sua estréia no Poder Executivo. Mas quando, como o presidente, fala em terrorismo para definir os atos da bandidagem ou, por conta própria, em genocídio na saúde, parece ainda em campanha.
Lula é que não devia abordar o combate à violência como se estivesse chegando agora. Tem as barbas brancas de saber a gravidade da situação no Rio, em São Paulo ou no Espírito Santo. É pena que às suas idéias não correspondam ações na mesma velocidade.
Aos discursos bonitos, enfáticos, hiperbólicos, seguiram-se algumas providências. Menores do que a expectativa causada pela falação nos palanques, mas indicativas de boa vontade para enfrentar, ainda que tarde, a encrenca da segurança pública no Rio. A transferência dos cabeças do tráfico nas favelas para a companhia de Beira-Mar e Marcola no Paraná é um bom começo de parceria. Tem que continuar.

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