A julgar pelos discursos proferidos durante a Cúpula do Mercosul, realizada no Rio de Janeiro com a presença dos chefes de Estado sul-americanos, estamos avançando sim, como disse Lula. Estamos avançando a passos largos na mediocridade e, se permanecermos com essa velocidade, em breve consolidaremos a nossa irrelevância. Organizaram um Foro Consultivo de Governadores e Prefeitos do Mercosul enquanto Chávez toma medidas para acabar justamente com esses poderes executivos na Venezuela, que poderiam lhe contrapor politicamente, em seu lugar pretende instalar conselhos comunais. Parece piada ... mas, voltando ao recém criado Foro que é mais uma inovação blenorrágica ideológica, uma espécie de preliminar da Cúpula, na abertura Lula disse que a integração entre os países da América do Sul é de extrema importância, mas que é preciso “aceitar o parceiro compreendendo suas assimetrias, sem tentar mudar”. Isso parece mais a manual de “como segurar seu casamento”. A quais assimetrias ele se referiu? Essa é sua especialidade: devagar e divagar. Chavez não parou de falar na implantação de um novo socialismo, um socialismo do século 21 em toda América do Sul. Ele nutre o sonho de uma revolução Bolivariana com ações Peronistas. Declarou que vai nacionalizar os setores estratégicos, mesmo assim a Petrobras anuncia futuros investimentos na Venezuela. Controla os canais de informação e afirma que não vai renovar a concessão da rede de TV mais popular do país por ser crítica ao seu governo, mas o governo brasileiro continua afirmando que a Venezuela é um país democrático. Em 1998 foi incluída no Mercosul uma cláusula democrática que prevê a saída do país que se afastar da democracia, mas na pauta das discussões estava a inclusão da Bolívia e do Equador, que tiveram como agenciador ninguém menos que Hugo Chavez, o bufão das Américas que vem assumindo uma liderança lancinante e que irá governar seu país com poderes irrestritos através de decreto, ou seja, anulou o parlamento. Sem parlamento para fiscalizar o executivo, e sem outros executivos, teremos o quê? Tcham ... tcham ... uma democracia, segundo nossas autoridades. Só rindo! Esses países vêm adotando posturas despóticas e centralizadoras. A inclusão deles além de infringir o regimento do Mercosul é um grande risco, pois prejudica qualquer acordo internacional ou atração de novos investimentos que o Brasil possa pretender. As diferenças extrapolam os hábitos, costumes, língua e moeda, são assimetrias políticas e, se o Brasil é uma democracia, a integração deveria estar inviabilizada. O Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim me faz um discurso surreal. Falou que a Venezuela no bloco amplia a percepção de uma América do sul unificada e de grande importância geopolítica. Ou seja, Amorim não falou nada, só que com outras palavras. Aliás, este Ministro está me saindo mais desatinado que o esperado, ele acredita que a somatória das misérias e do atraso da América resultará em riqueza. Ora, imaginar que um punhado de países pobres e insignificantes poderá enfrentar potências econômicas como os Estado Unidos, a União Européia ou a Ásia, extrapola a ingenuidade, isso é desequilíbrio de uma diplomacia que virou piada. Ah, outro tema que foi abordado foi a prevenção contra o turismo sexual e a exploração de adolescentes. Lindo, humanista e protetor de nossas jovens, mas enquanto os líderes discutiam o assunto, os jornais anunciavam com grande orgulho que Brasil é tão belo e próspero que não pára de atrair turistas. Desta vez descobriu um novo nicho, já foram vendidos mais de 700 pacotes para soldados norte-americanos que estão no Iraque. O interesse deles? Praia, sol, mulheres e muito sexo. Portanto, esse encontro entre os líderes do Mercosul destruiu o sonho de formação de um sério e importante bloco comercial para se transformar em uma caricatura de bloco político. A formação de um bloco comercial seria um importante fator de negociação com os outros países, mas pela fala da Cúpula estamos a caminho da formação de um bloco dos sujos, grotesco e desmoralizado perante o mundo. Um bloco de paises irrelevantes. Quer saber? A cópula da Cicarelli produziu mais efeito que a Cúpula do Mercosul. Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ. E-mail: avandoni@gmail.com |
Entrevista:O Estado inteligente
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domingo, janeiro 21, 2007
O BLOCO DOS SUJOS por Adriana Vandoni
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