Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Fernando Rodrigues - Começa o teatro




Folha de S. Paulo
22/1/2007

Lula recebe hoje mais de 20 governadores e as cúpulas dos 11 partidos da maior coalizão política formal montada no pós-ditadura militar (1964-1985). Apresentará o seu PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com toda pompa e circunstância.
Posto de maneira crua, o governo do petista será considerado um fracasso se o país crescer num ritmo apenas igual ou menor do que no período de 2003 a 2006.
Crescer só um pouco acima da sua média também será insuficiente. Lula sabe. Ficaria naquela "zona da pasmaceira", como os amantes do futebol classificam os times que não são campeões, não se classificam para torneios importantes, mas também não são rebaixados.
Em geral, essas equipes trocam de técnico e renovam os seus jogadores no período seguinte. Lula sempre foi um político de sorte. A estrela presidencial deve ser considerada nas chances de sucesso do PAC. Em resumo, é quase uma questão de torcida. Até porque não há ciência capaz de prever se as medidas anunciadas hoje serão eficazes para fazer o país crescer de maneira acelerada.
Corre em uma raia paralela o manejo político do governo. Em 2005, com alguns gatos pingados querendo tirar uma casquinha de sua administração, Lula acabou enredado no escândalo do mensalão. Agora, há muito mais bocas a serem alimentadas. O risco aumenta.
Nada indica, dentro do Congresso, que a relação fisiológica entre Executivo e Legislativo tenha mudado. Andar por aqueles corredores dá uma sensação nítida de "é apenas uma questão de tempo".
O anteparo é o crescimento. Eleitor com dinheiro no bolso releva as crises éticas. No primeiro mandato, a fórmula foi o Bolsa Família. Atendeu aos pobres. Deu certo. Faltava mimar a classe média, empresários, nacionalistas em geral. Criou-se o PAC. Simples assim.

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