Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, janeiro 22, 2007

"La revolución permanente' MÁRIO MAGALHÃES

RIO DE JANEIRO - Mundo afora, poucos souberam. Dos que souberam, poucos deram bola. Dos que deram bola, raros relacionaram as palavras de Hugo Chávez em mais uma posse à espada com que ele esgrimiu na cúpula do Mercosul.
O que se passou: ao assumir, duas semanas atrás, para governar até 2013, o presidente da Venezuela contou que um ministro o alertou sobre sua filiação trotskista. Chávez disse que respondeu: "Bem, e qual é o problema? Eu também sou trotskista. Sou da linha de Trotski, a revolução permanente".
Para não deixar dúvidas, insistiu: "O poder constituinte [...] é a revolução mesma. É a revolução permanente, como disse Trotski".
"A Revolução Permanente" é uma brochura lançada pelo comunista russo Leon Trotski em 1930. Na teoria, dizia que o poder socialista só se mantém ao se expandir para outros países; isolado, cai. Na prática, sustentava que a Revolução Russa fracassaria se o comunismo não vingasse além fronteiras.
No governo, seu inimigo Stálin pregava as chances do "socialismo em um só país". Como se vê, uma discussão com ares empoeirados, como os que cobrem o livro nos sebos. Não é o que pensa Chávez.
O venezuelano associa o sucesso da sua revolução bolivariana à implantação de políticas similares na América do Sul. A síntese da sua ação no Rio foi o empenho para empurrar à esquerda a vizinhança. Chávez fustigou Fernando Henrique Cardoso, atacou a mídia brasileira e defendeu Lula de vaias. Na sua lógica, não crê interferir em questões de uma nação soberana.
Para um partidário da "revolução permanente", o Brasil é extensão das contendas travadas na Venezuela. Um dos problemas de Chávez é que Lula rejeita as rupturas que o amigo promove em casa.

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