Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, janeiro 09, 2007

Eliane Cantanhede - Fortes e fracos

 


Folha de S. Paulo
9/1/2007


Aldo Rebelo, do PC do B, já é presidente da Câmara, foi ministro de Lula, integra a base aliada ao Planalto e tem boa interlocução com pefelistas e tucanos, especialmente com FHC e Serra. É, portanto, um candidato natural e parece, hoje, ser o mais forte.
Arlindo Chinaglia, do PT, tem apoio do partido do presidente da República e a "promessa de apoio" do maior partido da Câmara, o PMDB -que teria precedência para eleger o presidente, mas se aliou ao Planalto e preferiu, até agora, contentar-se com a reeleição de Renan Calheiros no Senado.
Mais uma vez, portanto, é o governo batendo cabeça com o governo, como já ocorreu na eleição de Severino Cavalcanti, gerando todas as conseqüências que sabemos. E, mais uma vez, temos Lula contando com a sorte, esperando o tempo ajeitar as coisas. Deixa circular a informação de que prefere Aldo, mas mantendo encontros de companheiros com Chinaglia.
É assim, botando um pé em cada canoa, que Lula corre o sério risco de afundar novamente na disputa pela presidência da Casa -o segundo cargo na sucessão presidencial. Metade dos que se reuniram ontem em busca de uma alternativa baseada numa plataforma ética era do PSDB. Por mais que digam o contrário, o que querem não é exatamente uma "terceira via que pode até ser do PT". O que querem é um nome oposicionista. Trata-se de uma clara -e legítima- manobra da oposição para dividir e entrar no vácuo das disputas governistas.
Com apoio de maior número de partidos (inclusive PFL) e sinais do PSDB, Aldo é quem mais perde com esse tipo de mobilização. Mas, se o apoio dele é difuso, o de Chinaglia é concentrado no PT e no PMDB. Se o PMDB tirar o tapete, adeus candidatura Chinaglia. Resumo da ópera: Aldo é favorito, mas os dois candidatos mais fortes estão fracos. Há espaço para surpresas, para o bem ou para o mal.
 

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