Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Eliane Cantanhede - Da Venezuela para o mundo



Folha de S. Paulo
18/1/2007

Quando Hugo Chávez fala em "socialismo do século 21", cada um entende como quer. O chanceler Celso Amorim, por exemplo, acha que isso não passa de um mero slogan. Será? Chávez tem suas armas: um poder popular inegável e, principalmente, o petróleo.
Ele adora ostentar a espada de Bolívar, mas sua grande arma é o título da Venezuela de quinto produtor de petróleo do mundo.
Quando investe (literalmente) nas eleições presidenciais dos vizinhos, quando compra a simpatia de Kirchner adquirindo títulos argentinos, quando é o primeiro líder da região a trocar petróleo cru do Equador por derivados e quando dá a mão ao Paraguai para renegociar seus títulos, Chávez tem por trás não só a personalidade e o ímpeto, mas o petróleo.
O poder de Sansão estava nos cabelos. O de Chávez, no petróleo -e no petróleo caro. É por isso que já corta a produção e negocia com a Opep (organização dos produtores) um aumento de 10% do produto no mercado internacional.
Passou quase despercebida, mas foi bem instigante a presença do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na posse de Rafael Correa na Presidência do Equador. Ele falava mal dos EUA enquanto Chávez, Correa e Evo Morales (Bolívia) posavam para fotos em trajes típicos andinos. Parecia em casa. O Irã produz petróleo, é um regime fechado e listado entre os principais adversários dos EUA, um Iraque latente. Alguma coincidência?
Um dos temas em discussão desde a véspera da reunião de cúpula do Mercosul, ontem, no Rio, foi justamente o acordo de comércio de cooperação do Golfo, que, em geral, são produtores de petróleo. Interessa a aproximação não só econômica mas política.
O horizonte de Chávez não pára na Bolívia, no Equador, nem mesmo na Argentina ou no Brasil. Isso é apenas um começo.

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