Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Clóvis Rossi - Vertigem no Mercosul



Folha de S. Paulo
18/1/2007

A cúpula do Mercosul, que se inaugura hoje no Rio, acabou sendo atropelada pela notável velocidade que estão ganhando os fatos na América Latina.
Afinal, os dois pontos centrais na agenda eram:
1 - Discutir a maneira de institucionalizar a Casa (Comunidade Sul-Americana de Nações).
2 - Tentar sossegar os países pequenos do Mercosul (Uruguai e Paraguai) com uma substancial discussão (e solução) para a assimetria, o abismo entre os dois sócios menores e os dois maiores (Argentina e, principalmente, Brasil).
Já havia dificuldades para implementar o segundo item, porque a Argentina, empenhada em recuperar sua economia da crise de 2001/ 2002, prefere, pelo menos veladamente, enfrentar sua própria assimetria com o Brasil.
Para complicar, o venezuelano Hugo Chávez, o mais recente sócio do bloco do sul, ataca as assimetrias de países ainda mais pobres (Bolívia e Equador) com uma ousadia e petrodólares que obviamente fazem empalidecer a disposição do presidente Lula de ajudar os sócios menores.
Quanto à questão institucional, o buraco começa a ficar mais fundo.
Há um claro déficit institucional em boa parte da América Latina.
O mais recente exemplo é o fato de que movimentos sociais resolveram "desconhecer" o governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, de oposição ao presidente Evo Morales.
Vai que a moda pega (há antecedentes na própria Bolívia) e, amanhã ou depois, o pessoal da mais rica Santa Cruz de la Sierra, já com tendências separatistas, resolve "desconhecer" o presidente Morales. Complica muito, certo?
Já é difícil construir um processo de integração entre países integrados. Imagine o tamanho do problema quando há sérios problemas de integração interna e institucionalidade em mais de um deles.

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