Entrevista:O Estado inteligente

domingo, janeiro 14, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Os tucanos (e Lula) voam por aí

BRASÍLIA - O PSDB apóia o PT para a presidência da Câmara, depois de tudo -depois de todos esses anos, de todas essas eleições, de todas essas confusões-, mas o único pio em favor da decisão, se é que tucano pia, veio de Jutahy Magalhães Jr., a dias de deixar a liderança.
Do outro lado, contrário ao apoio ao PT, falaram FHC e Alckmin. Pelo óbvio: a decisão carece de lógica e, pela gravidade, deveria ser de partido, não de bancada, respeitando a sensibilidade (à flor da pele) do eleitorado tucano.
E onde estão Tasso Jereissati, Serra e Aécio, que não respondem?
Bateram asas e voaram? Tasso, em cima do muro, limita-se a convocar uma reunião. Serra e Aécio calam. Como Lula, que tirou férias, lavou as mãos e conta com dois fatores decisivos a seu favor: a velha sorte e a inacreditável desarticulação da oposição. Justiça se faça, aliás, ao PFL: fale-se o que quiser do partido, mas os movimentos pefelistas têm estratégia, rumo, coerência. Uma coerência oposicionista.
Líderes são líderes. Ou não. O empresário Tasso passa a impressão de estar cansado de brincar de política. Serra e Aécio fingem que têm mais o que fazer. Um mergulhando nas crises de segurança e de crateras de São Paulo, e o outro esquiando na neve -algo bem mais agradável, convenhamos, do que cuidar da lama (literal) que escorre dramaticamente por Minas Gerais.
Mas ambos têm ambições, têm bancadas no Congresso, têm imensa influência no Parlamento. Só acredita quem quer que não tiveram nada a ver com o apoio ao PT.
Fala-se muito na reforma política, mas Serra tem razão: a reforma partidária é igualmente fundamental. O PT não é mais o PT, o PMDB é um saco de gatos, o PSDB virou um PMDB, o PFL levou uma surra das urnas e o resto... é o resto, com uma ressalva daqui, outra dali.
O problema da política tupiniquim não está no baixo clero. Está, cada vez mais, no alto clero.

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