Entrevista:O Estado inteligente

domingo, janeiro 14, 2007

CLÓVIS ROSSI Avacalhação


SÃO PAULO - Começam a ficar demasiado freqüentes os momentos em que dá uma imensa vontade de desafiar a proibição de usar palavras chulas neste espaço (e nesta página) e encher o texto de palavrões. Seria, aliás, a única maneira de estar de acordo com o modo de fazer política no Brasil.
O português castiço é insuficiente para descrever o que se passa. Tome-se o caso de Jutahy Magalhães Jr., o líder do PSDB na Câmara. Disse a Eliane Cantanhêde que "a grande maioria [dos deputados] precisa das regras e da participação formal, senão, não existe".
"Participação formal" quer dizer cargos, posições e, por extensão, as vantagens decorrentes. É a despudorada confissão de que deputados não são eleitos para legislar, apresentar projetos, idéias, fiscalizar o Executivo, mas para ocupar posições. Ou não existem.
Nesse caso, não seria muito mais barato e lógico reduzir o número de deputados a 11 (os sete titulares mais os quatro suplentes da mesa)?
Vantagem dupla: custo menor e eleição direta de quem deve comandar o Legislativo.
Passemos agora a Aldo Rebelo, o atual presidente dos que existem e dos que não existem. Disse que, ao apoiar Arlindo Chinaglia, o PSDB "arquivou a oposição". Beleza. Quer dizer então que votar em Rebelo seria fazer oposição ao governo Lula?
Bem em Rebelo que foi ministro de Lula, que foi o candidato de Lula na eleição anterior da mesa e que faz o diabo para obter outra vez o apoio de Lula? Sem falar na possibilidade de que se torne de novo ministro de Lula, se perder a eleição na Câmara.
Na prática, Rebelo está insultando a inteligência do eleitor ao pretender ser o que não é. Como Jutahy despreza o eleitor, ao anular, na prática, o voto dos que elegeram deputados que não terão "participação formal" na Casa.
Que palavrão você usaria para qualificar tal avacalhação?

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