O Estado de S. Paulo
10/1/2007
A escolha do nome do candidato alternativo, para realmente concorrer ou só para marcar posição como “anti” na disputa pela presidência da Câmara, é o que menos importa agora para o grupo suprapartidário que aproveita o momento para chamar atenção para as agruras do Parlamento.
A idéia deles é postergar essa escolha o máximo possível, de forma a se valer das divergências na base governista, porque o que interessa mesmo é atrapalhar o jogo, em tese já jogado, do Palácio do Planalto em parceria com o PT, o PMDB e partidos das respectivas áreas de influência.
Quando propuseram ao PMDB que o partido escolhesse um candidato para ter apoio do grupo, e sugeriram o nome do presidente Michel Temer, os 17 deputados que se reuniram segunda-feira em São Paulo não tinham a ilusão de serem bem-sucedidos.
A intenção era obrigar, ainda que por cumprimento de formalidade, os pemedebistas a discutirem o assunto e, com isso, despertar na bancada do partido a cobiça pelo cargo. Plantada a semente da discórdia, depois vê-se o que dá e examina-se a direção do passo seguinte.
Ainda que um pemedebista venha a aceitar a indicação, o partido como um todo é das legendas menos autorizadas moralmente e menos interessadas em levantar a bandeira da recuperação ética do que quer que seja, muito menos do Parlamento.
Oficial e talvez até sinceramente, os alternativos ainda têm a esperança de conseguir a adesão de um movimento de opinião pública e, a bordo do programa de sete pontos - conduta autônoma em relação ao Executivo, voto aberto em qualquer situação, ajuste nos gastos, critérios permanentes de remuneração de parlamentares, atualização do regimento interno, reforma política e eleição de um presidente comprometido com a recuperação do Legislativo -, conseguir abrir espaço entre as candidaturas já postas.
Algo semelhante à ação do PT quando era oposição, que sempre apresentava candidatos para marcar distância do esquema preestabelecido pelos governos de então.
Também, mas não só, por essa razão, insistem em que a candidatura é para valer. Mas, embora não admitam, no íntimo devem saber perfeitamente bem que os grandes partidos, até de oposição, já negociaram seus interesses em termos de postos e vantagens internas com Rebelo e Chinaglia.
Os menores ou se aliam ao governo ou ficam no aguardo de uma brecha para repetir uma “onda severina” como a de dois anos atrás, coisa hoje praticamente impossível de acontecer.
Os verdadeiramente empenhados em constituir um núcleo de referência interna para atuar fora da habitual dinâmica medíocre e fisiológica são muito poucos para ganhar a disputa. Mas falam alto e levantam questões pertinentes o bastante para funcionar como uma espécie de consciência crítica e “ombudsmen” da sociedade na própria legislatura - cobrando, denunciando, não compactuando, servindo, enfim, como contraponto aos critérios vigentes de (mau) comportamento.
É como dizem os deputados Chico Alencar e Raul Jungmann, citando o poeta Torquato Neto: no mínimo, a ação do grupo contribui para desafinar o coro dos contentes com o baixo nível reinante na política.
Por isso mesmo, Alencar aponta que é equivocado falar em “terceira via”, pois não há duas vias postas, mas uma só. Tanto Arlindo Chinaglia quanto Aldo Rebelo representam o mesmo projeto: de submissão total ao Palácio do Planalto e preocupação zero com a lama onde chafurda a imagem do Congresso Nacional.
O mesmo vale para o Senado. Lá, dos dois candidatos, Renan Calheiros e Agripino Maia, tampouco se ouve palavra a respeito. Com a desvantagem de que entre os senadores ainda não apareceu ninguém disposto a desafinar e desafiar os contentes.
Meia trava
O ministro da articulação política, Tarso Genro, recuou da disposição de jogar duro na desistência de um dos dois candidatos governistas à presidência da Câmara.
Primeiro, deve ter percebido que não seria ouvido. Segundo, deve ter sido convencido da vantagem de o governo ocupar todo o espaço da disputa e sair ganhando em qualquer hipótese. Em terceiro lugar, alguém o deve ter alertado, ou talvez ele mesmo tenha percebido, que a corrida pela desistência por causa da candidatura alternativa - ainda inexistente - significa reconhecimento do potencial do adversário.
Os “alternativos” ficaram gratos à contribuição do ministro para a divulgação e o fortalecimento de seu projeto.
Os tempos
Para ver como andam as coisas: receber a delegação de comandar um ministério em outros tempos, longínquos, já foi prova de confiança e reconhecimento profissional.
Depois, com a era do “é dando que se recebe”, instaurada a partir do governo José Sarney, tornou-se moeda de troca com o Congresso.
Agora, diante da indignação demonstrada pelos candidatos a presidente da Câmara com a boataria de que estaria sendo reservada uma pasta ao possível desistente, virou motivo de ofensa.
Entrevista:O Estado inteligente
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