Entrevista:O Estado inteligente

domingo, janeiro 21, 2007

CLÓVIS ROSSI Erramos

GENEBRA - O grupo de mídia britânico "The Economist" publica um imperdível anuário chamado "The World in....". O deste ano é mais imperdível ainda porque traz um baita "erramos", carregado com o corrosivo humor britânico -no caso contra a própria publicação.
Chegou a encomendar a um historiador revisar os 20 anos de história do anuário para ver quantas vezes "The Economist" previra o fim de Fidel Castro. Foram incontáveis, inclusive em 2006.
Diz: "O velho revolucionário nos desafiou de novo, passando por uma séria cirurgia, mas teimosamente completando 80 anos em vez de morrer".
Na economia idem. O anuário 2006 previu menor crescimento global ("foi o mais forte em 30 anos", reconhece o de 2007). Previu também uma desaceleração na China ("que avançou mais rapidamente do que antes", descobriu um ano depois).
Deveria haver leis tornando obrigatórias correções de previsões da mídia, mas também de acadêmicos e, principalmente, de governantes. Humanizaria as coisas.
Ninguém que eu tenha lido fez, por exemplo, um ato de contrição sobre o caso do calote argentino. Um milhão de analistas previu que, depois dele, o país jamais recuperaria crédito internacional, afundaria numa crise terminal e passaria o resto dos tempos no inferno. Anteontem, o risco-país argentino ficou perto do nível do Brasil. E os profetas do apocalipse assobiam e olham para o lado.
No caso dos políticos, imagino que eles tenham medo de perder votos se fizerem uma autocrítica. Pode ser, mas, como o próprio presidente Lula admitiu no discurso de posse, nunca houve tão tremendo descrédito em relação à política. Se ele, como "The Economist", admitisse que errou feio ao falar, em maio de 2003, em "espetáculo do crescimento", perderia votos ou ficaria mais humano?

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