Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 05, 2006

VEJA:O flex múltiplo


O carro tetrafuel amplia as opções
do motorista na hora de abastecer


Rafael Corrêa


Quantos combustíveis podem ser usados simultaneamente num mesmo motor de carro? Dois é a resposta antiga. Hoje, 76% dos carros produzidos no Brasil são flexfuel, ou seja, rodam tanto com gasolina quanto com álcool – ou com uma mistura dos dois em qualquer proporção. Agora, uma experiência da Fiat pretende alargar as possibilidades do flexfuel. A empresa está prestes a colocar nas ruas o primeiro carro tetrafuel, capaz de rodar com quatro tipos de combustível: álcool, gasolina brasileira (que contém 20% de álcool), gasolina pura e gás natural (GNV). O carro, um modelo da linha Siena, tem como alvo quem quer economizar usando GNV, o mais barato dos combustíveis, mas se aborrece com a perda de potência do motor – entre 20% e 40% – que ocorre com o uso do gás. A novidade do lançamento da Fiat é que em situações nas quais o carro é mais exigido, como em subidas e ultrapassagens, o motor passa a funcionar automaticamente com o combustível líquido que estiver disponível no tanque. O motorista não precisa acionar chaves ou botões, como acontece em outros carros a gás. Se o GNV estocado nos cilindros acaba, a mudança para o combustível líquido também é automática.

A possibilidade de usar gasolina pura, padrão na maioria dos países vizinhos, facilita a vida de motoristas que moram perto de fronteiras ou que gostam de viajar com o próprio carro pela América do Sul. Além disso, torna o novo Siena ideal para exportação. No carro tetrafuel, o uso dos combustíveis é controlado por uma central eletrônica única, que funciona como "cérebro" do motor e tem uma enorme capacidade de processamento. A cada segundo, 100 milhões de dados são processados pelo pequeno dispositivo eletrônico. A "inteligência" para determinar qual combustível usar está no software que equipa a central eletrônica. Com a ajuda do programa, ela analisa as informações enviadas pelos sensores do carro em frações de segundo e manda instruções para o motor. "Esse modelo é um multicombustível na essência. O sistema de gás não é uma adaptação, como acontece nos outros veículos. Por isso o carro fica mais eficiente e polui menos", analisa Renato Romio, coordenador do Laboratório de Motores do Instituto Mauá de Tecnologia.

A indústria automobilística é um dos setores mais sensíveis à escalada dos preços do petróleo – e à possibilidade de que suas reservas se esgotem dentro de poucas décadas. Com a frota mundial aproximando-se da marca de 1 bilhão de veículos, a busca por combustíveis alternativos é hoje urgente. O Brasil, que desenvolveu a melhor tecnologia para motores movidos a álcool, é um dos países que mais avançaram na mudança da base energética. Nos Estados Unidos e na Europa, há inúmeras experiências com veículos híbridos, que combinam um motor elétrico e outro a gasolina. Também há carros que misturam gasolina e biocombustíveis, feitos a partir de matéria orgânica como milho, canola e até óleo de cozinha usado. A fábrica sueca Volvo apresentou há dois meses um carro que roda com cinco tipos de combustível. Nenhuma dessas experiências, porém, mostrou-se ainda viável economicamente para ser aplicada em larga escala. No Brasil, onde o álcool está consolidado como combustível e o gás natural já move 1,2 milhão de veículos, a aposta da Fiat no Siena tetrafuel pode ser uma boa idéia.

 

A 210 POR HORA, LIGADO NA TOMADA

Os poucos carros elétricos produzidos em série, apesar de ecologicamente corretos, eram lerdos e tinham pouca autonomia. Nesse cenário, a Tesla Motors, uma pequena empresa americana instalada na Califórnia, tenta mudar tudo isso com o lançamento de um esportivo elétrico. Com design desenvolvido pela inglesa Lotus, o Tesla Roadster acelera de 0 a 100 quilômetros por hora em apenas quatro segundos, marca comparável à de superesportivos como Ferrari e Porsche. O veículo alcança 210 quilômetros por hora e pode ir do Rio de Janeiro a São Paulo sem recarregar as baterias – o carro elétrico com maior autonomia já fabricado nos Estados Unidos, o EV1, não chegaria nem à metade do caminho. O nome do novo esportivo homenageia o cientista sérvio Nikola Tesla, que no fim do século XIX inventou o tipo de motor que o equipa. O Tesla Roadster custa 80 000 dólares, o equivalente a um sedã de luxo no mercado americano.

O Tesla saiu da imaginação do engenheiro elétrico Martin Eberhard, um empresário do Vale do Silício, berço das grandes empresas de informática. Eberhard era dono de uma companhia que desenvolvia livros eletrônicos. Em 2000, ele vendeu a firma e passou a perseguir um velho sonho de fabricar carros. Logo conseguiu a parceria de investidores como Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google. "Os carros elétricos até hoje eram desconfortáveis e sem charme. Não acho que para ser ecologicamente correto seja preciso andar numa carroça", gaba-se Eberhard.

Fotos divulgação


TRADIÇÃO TURBINADA

O coração do Tesla é a versão moderna de um motor inventado no fim do século XIX. Sua energia é fornecida por 6 831 baterias de lithium-ion, o mesmo tipo que equipa laptops

 

COMANDOS SIMPLES
O câmbio possui apenas três marchas: a primeira para dirigir em baixas velocidades na cidade, poupando energia, a segunda para correr na estrada e a marcha a ré

 

 

ESPORTIVO E ECONÔMICO
Cada quilômetro rodado custa menos de 1 centavo de dólar. No Porsche 911 Carrera S, vendido pelo mesmo preço, o custo do quilômetro é dez vezes maior



Fotos Pedro Rubens/divulgação


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