Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 20, 2006

SERGIO COSTA O ovo da serpente

FOLHA
RIO DE JANEIRO - As aspas abaixo foram tiradas de uma carta do PCC apreendida pela polícia em um presídio carioca:
"É chegada a hora de um megaevento nacional com objetivos claros e definidos. Um megaevento que vai beneficiar todos os presos do Brasil, que vão sair para a rua com uma dívida de consciência para com o PCC e o CV (Comando Vermelho)".
"Vamos colocar a sociedade em xeque e dividi-la ao meio. O importante é fazer a sociedade se autoquestionar e forçá-la a tomar uma decisão de que algo tem que ser mudado para melhor em relação aos presidiários (...). Irmãos, estamos em época de eleição, os deputados da oposição vão nos apoiar e demolir os governos estaduais que só pensam em reprimir em vez de reeducar os presos(...)".
"Na rua, temos que acionar os soldados do partido [PCC] em coligação com os soldados do CV para seqüestrar, uns dias antes [do megaevento], deputados e senadores do partido do governo e os que o apóiam. Também peguem uns jornalistas e repórteres da Globo para obrigá-los a divulgar nossas reivindicações".
Os trechos reproduzidos são de 2002, retirados da correspondência entre um dos fundadores do PCC, Misael Aparecido da Silva, o Misa, preso em São Paulo, para Geleião e Cesinha, também do PCC, e que na época estavam em Bangu 1, no Rio. Misa foi morto uma semana depois. A carta foi descoberta à época pelo tarimbado repórter policial Lúcio Natalício, de "O Dia".
De lá para cá, polícia e governos só fizeram chocar o ovo da serpente ao superlotar presídios e enxugar gelo no combate ao crime. Quatro anos depois, só não estamos no mesmo ponto porque o descaso geral com a segurança nos deixou pior e até o plano de "pegar uns jornalistas da Globo" se concretizou.

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