Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 20, 2006

ELIANE CANTANHÊDE O que foi, o que fica

FOLHA
BRASÍLIA - As grandes ausências na semana de estréia dos programas eleitorais de TV: partidos, ideologia, promessas, vices, políticos, aliados, Congresso, mensalão, sanguessugas, cassações e não-cassações, violência, PCC, cuecas, Land Rover, caseiros e crescimento econômico à la Haiti.
E as grandes presenças: em primeiro lugar, os candidatos; em segundo lugar, os candidatos; em terceiro lugar, os candidatos. Depois, os números -de famílias, de casas populares, de programas sociais, de preços de cimento e de arroz. Mais uma sucessão de fortes sotaques de nortistas, nordestinos, sulistas. E, enfim, a classe média dos grandes centros.
No saldo, tem-se uma campanha política muito pouco política, sem debates, sem confronto de propostas e de idéias, centrada em personalidades e ditada por métodos científicos. Ou seja: completamente sem emoção e sem razão.
Não cabe nem a máxima "diga-me com quem andas e te direi quem és". Os vices não são puxadores de votos. E interessa a Lula dizer que vinha andando com Dirceu, com Palocci, com PTB, PP e PL? Ou a Alckmin dizer que anda com FHC?
Quem deveria se apresentar como líder foi resumido a gerente: o gerente Lula (quem diria?) e o gerente Geraldo Alckmin, que se imaginava imbatível como gerente e não esperava que Lula fosse concorrer com ele justamente por aí.
Cristovam Buarque preferiu o personagem professor, e Heloísa Helena, essa, sim, faz campanha pouco científica e mais tradicional: no gogó, criticando tudo e todos e pregando mudanças -mais ou menos como o Lula "de antes".
Nesse contexto e nesse formato, leva vantagem quem tem o que mostrar. Números, por exemplo. Cristovam não tem, HH nunca governou nada, Alckmin governou um Estado, Lula governa um país. Adivinhe quem leva vantagem?

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