Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, agosto 01, 2006

No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia. Quando um rico rouba, vira ministro”. (Lula, 88,}

Por Pedro Oliveira é Jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.
"No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia. Quando um rico rouba, vira ministro". (Lula, 88, Mônica Bergamo-Folha).

(São Paulo, agosto 2006)
 Acho que o presidente Lula pensava que jamais chegaria ao poder quando disse estas palavras há 15 anos atrás, ainda nos arroubos efervescente de São Bernardo dos Campos. Era oposição e pensava que assim seria sempre. Aliás, o discurso do contra-radical do PT continuou até o momento em que assumiu o poder, em janeiro de 2003. Lula teve um mau começo: construiu um governo abarrotado de derrotados, fez concessões espúrias e deixou que o seu partido inapto e sem experiência alguma, montasse uma máquina cheia de parasitas e salteadores da administração. Como disse certa vez o ex-ministro das Cidades, Olívio Dutra, Lula se cercou de gente ruim e essas más companhias turvaram o seu governo.
Apesar do passado que o condena não se pode desqualificar as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), feitas no ano passado quando começou a ser desvendada a farsa petista, pois este tinha intimidade suficiente com o Partido dos Trabalhadores , com Delúbio Soares e com o Planalto inteiro.O mesmo Delúbio que o ex-presidente Collor afirmava em 2003, "ter mais poder e mais trânsito que PC Farias". O próprio presidente Lula que fingiu cinicamente não saber de nada não pode negar. Disse textualmente que "assinava em branco para Jefferson".
Lembro ainda o degradante espetáculo durante o depoimento do então deputado petebista na Câmara. Quem acompanhou, com certeza, concluiria por uma cassação em massa, por falta de decoro parlamentar, em busca de preservar o pouco que restaria das nossas instituições políticas.Acusadores e acusados, denunciantes e denunciados lavaram-se em suas próprias lamas. Acusou gravemente o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que quase teve um ataque de apoplexia.Chamou de "mensalistas" os deputados Bispo Rodrigues, José Janene, Sandro Mabel. Tudo sem provas, mas a Nação já não estava exigindo provas. Na opinião nacional tudo estava podre no Planalto e na Planície Petista. Dirceu, Delúbio, Genoino, Mercadante, Valdomiro, Mauricio Marinho, Lídio Duarte, João Paulo Cunha, estariam todos em vala comum e pútrida, para a qual indiscutivelmente deveria ser arrastado o Presidente Lula.
O deputado Fernando Gabeira, ícone da esquerda brasileira e companheiro do Presidente afirmou: "O PT foi construído de uma forma autoritária, e essa construção autoritária é que permitiu o deslocamento da camarilha que está hoje no Palácio do Planalto e que designa os caminhos do partido. A população já descobriu que o PT é igual aos outros que ele denunciava".
Conselheiro pessoal e um dos mentores do Presidente Lula, Frei Beto, deixou o governo em 2004, desencantado com os rumos que estava tomando. Uma unanimidade de respeito desabafa: "O Governo se meteu em um terreno pantanoso. Constrange-me ver o governo do PT sustentado, em parte por partidos de aluguel. Esses partidos representam tudo aquilo que o PT historicamente repudiou". Se eles pensam assim, o que pensaremos nós?
Mas aconteceu o previsível e praticamente todos os acusados foram "absolvidos" pelos iguais que os julgaram. O Parlamento foi literalmente desmoralizado e jogado no charco da podre política brasileira. Em seguida vem o escândalo dos "sanguessugas" envolvendo mais de um terço da Câmara dos Deputados em corrupção, fraude, formação de quadrilha e outros tantos crimes de alta periculosidade. Criada mais uma CPI no "reino das pizzas" para apurar e apontar os bandidos ,está no ar uma imensa dose de desconfiança da sociedade. As provas são substanciais, os depoimentos altamente comprometedores não restando mais dúvida do envolvimento marginal de muitos deputados federais e até senadores na brutal ação contra os cofres públicos. Nos tapetes luxuosos do Congresso, nos bares de Brasília e nas alcovas palacianas já se fala em "acordos" entre governo e oposição para poupar alguns dos acusados. Com a podridão do governo petista chefiado pelo presidente Lula e sua gang e a marginalidade criminosa dominante no Congresso Nacional é muito possível que este acordo saia, até porque em ambos os lados não há mais o que se desmoralizar, está tudo podre, por dentro e por fora.

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