Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 06, 2006

Folha de S.Paulo - Clóvis Rossi: Já morreu


SÃO PAULO - Fidel Castro morreu, como modelo a ser seguido, muito antes de seu ocaso biológico que está se dando agora. O último grande líder político do século 20, para o bem ou para o mal, continua um mito, mas a revolução cubana já não é inspiração, salvo para um punhado de fanáticos. A prova está dada, paradoxalmente, pelos dois presidentes que têm em Fidel seu ídolo e seu padrinho: Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia). Chávez não chamou sua revolução de "castrista", "fidelista", "cubana" ou qualquer outra qualificação que lembrasse a ilha caribenha. É "bolivariana", de Simón Bolívar, que antecede qualquer ícone socialista. Evo Moraes retrocedeu ainda mais no tempo, e seus heróis antecedem até Cristóvão Colombo. É verdade que ambos utilizam especialistas cubanos (médicos e educadores em especial), mas é só. Por mais que Evo tenha nacionalizado os recursos naturais e por mais que Chávez tenha dado alguns passos estatizantes, o fato é que Bolívia e Venezuela continuam sendo economias de mercado, ao contrário de Cuba, um dos últimos refúgios comunistas do planeta, ao lado da Coréia do Norte. Também ao contrário de Cuba, as instituições funcionam na Bolívia e na Venezuela, os partidos são livres, a mídia, idem, há eleições regulares (atestadas como "free and fair" por observadores internacionais). Há tentações autoritárias? Sempre há. Mas elas aparecem também no governo da grande democracia do norte, os Estados Unidos, na esteira dos atentados de 11 de Setembro. Presos políticos, como em Cuba, não há. No Brasil, nem o PT, o partido que tem mais admiradores de Fidel do que qualquer outro no planeta, fora o PC cubano, roça qualquer coisa que tenha leve sabor cubano. No ocaso, Fidel e o "castrismo" não têm futuro. Só passado. 

Arquivo do blog