Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 13, 2006

Eliane Cantanhêde: Pesadelo - 13/08/2006

Folha de S.Paulo - Brasília -

Em 2002, tínhamos nas prateleiras o Garotinho, ex-governador do Rio e alavancado pelos evangélicos, o Ciro Gomes, duas vezes governador do Ceará, com uma imagem moderna e limpa, o Serra, com projeto de país, força política, equipe. E Lula... bem, o Lula era o Lula.
Em 2006, temos Cristóvam Buarque, com um banquinho e um violão de uma nota só, Heloísa Helena, com estridência e bravatas, Alckmin, que parece de plástico, sem projeto, sem discurso e sem a lealdade de seus aliados, e Lula... bem, um outro Lula -que não se sentiu no dever de explicar, entre otras cositas más, nem o que Delúbio Soares e Sílvio Land Rover Pereira faziam em reuniões com a Petrobras, bancos e empreiteiras dentro do Palácio do Planalto.
Essa fase da campanha encerra-se com todas as pesquisas confirmando o franco favoritismo de Lula, e na terça-feira começa a propaganda eleitoral gratuita. Ao contrário do que sempre pregaram Alckmin e os seus, é improvável haver uma "grande virada". Lula é bom de vídeo, Alckmin é apenas certinho, insosso. A TV potencializa defeitos e qualidades, não faz milagre.
Como pano de fundo da campanha: o PCC age com uma lógica política, não comercial; mais de 10% do Congresso é acusado de sugar o sangue dos mais pobres; mensaleiros e outros do gênero têm a eleição virtualmente garantida; uma quadrilha tomou de assalto um Estado inteiro, Rondônia, infiltrando-se nos três Poderes e nas instituições.
O ano de 2002, portanto, foi embalado por candidatos mais consistentes, pelo bom debate e pela esperança. O de 2006 tem tido debate zero, acusações mis, escândalos, violência urbana, perplexidade. Não há mais mitos, não há mais sonho. É como um pesadelo, que só precisa acabar logo. O que resta dizer? Bom domingo!

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