Entrevista:O Estado inteligente

domingo, agosto 13, 2006

Clóvis Rossi: O satélite mágico - 13/08/2006

Folha de S.Paulo - São Paulo -

Peço a alguma alma caridosa que explique à anta que ocupa este espaço como é essa história de cooperação entre as Forças Armadas e o governo paulista no combate ao PCC.
Pelo noticiário, as forças federais entram com a inteligência, em especial informações obtidas por satélite. Ótimo. Mas, se existem as tais informações, era preciso esperar os ataques do PCC para passar a compartilhá-las com o Estado? Não seria obrigação primária fornecê-las automaticamente?
Se existem tais informações, de posse de forças federais, elas são inexoravelmente cúmplices do PCC, por omissão.
Se não existem, e ainda serão colhidas, o governo federal está vendendo um produto que nem sabe se poderá entregar.
A propósito: se tem informações ou sabe como obtê-las, não seria obrigação elementar dividi-las também com Estados como o Rio de Janeiro? Não é porque o PCC está monopolizando as manchetes que a criminalidade no Rio tenha desaparecido. Vale o raciocínio para todos os demais Estados, também infestados.
Outra coisa que me intriga, claro que por absoluta ignorância, é como se localizam, por satélite, células do PCC, conforme diz a Folha que se fará doravante.
Sei que a vigilância por satélite, dependendo do, digamos, calibre usado, permite ver até a placa de um carro em movimento. Tudo bem. Mas não consta que o pessoal do PCC use placas tipo PCC-001, PCC-002 e por aí vai.
Nem que pinte na capota de seus carros algum slogan como "PCC, sempre com você".
Nem consta que tenham um uniforme que permita que, lá do céu (ou da terra), sejam imediatamente identificados como membros do sindicato do crime.
Não é uma crítica, não. Eu só queria entender para poder ficar mais tranqüilo. 

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