SILVIO NAVARRO
Folha de S. Paulo
16/6/2006
Em evento do PFL, candidato do PSDB à Presidência diz que vai "acabar com roubalheira"
Presidente foi alvo de ataques no lançamento da campanha do candidato pefelista ao governo do DF, José Roberto Arruda
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o vice na chapa, senador José Jorge (PFL-PE), usaram ontem a convenção do PFL no Distrito Federal para fazer duros ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alckmin disse que, se ganhar a eleição, "vai acabar com a roubalheira", e Jorge insuflou a platéia ao dizer que o presidente "bebe muito, como dizem por aí".
As críticas foram feitas em seqüência, em meio a um bombardeio contra a gestão petista no evento de lançamento da chapa do PFL ao governo do Distrito Federal, formada pelo deputado José Roberto Arruda e pelo senador Paulo Octávio.
"Vamos acabar com a roubalheira e vamos tratar de trabalhar, deixar de aparelhar o Estado e valorizar o servidor público", disse Alckmin.
Minutos antes, José Jorge havia disparado: "Temos um presidente que não trabalha, só viaja, que bebe muito, como dizem por aí. Para ser presidente é preciso ser honesto e competente". Após o discurso, questionado sobre a crítica, Jorge confirmou: "Disse isso mesmo". E afirmou que a menção à bebida foi uma resposta a um militante que gesticulava na platéia -simulando alguém bebendo- enquanto ele discursava. "O cara ficava fazendo sinal", disse, rindo. Na internet, o site do PFL afirmou que José Jorge foi "aplaudido ao falar a verdade sobre Lula".
O suposto consumo excessivo de bebidas pelo petista voltou à tona no último dia 9, quando o atacante Ronaldo criticou o presidente. No dia anterior, Lula o havia deixado constrangido ao perguntar ao técnico Carlos Alberto Parreira, em uma videoconferência, se o jogador está gordo. "Ele disse que eu sou gordo, como todo mundo diz que ele bebe para caramba. Tanto é mentira que eu estou gordo como deve ser mentira que ele bebe para caramba", disse Ronaldo, no dia seguinte.
A polêmica sobre a bebida começou em 9 de maio de 2004, quando Larry Rohter, correspondente do "New York Times" no Brasil, publicou reportagem sobre suposto abuso no consumo de álcool pelo presidente. O governo cancelou o visto do jornalista para expulsá-lo do país, mas a Justiça barrou a medida, e Lula recuou.
Ontem, em seu discurso, Alckmin citou duas vezes o presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), constantemente lembrado em pronunciamentos de Lula. "Vamos rememorar o sonho de Juscelino Kubitschek, fazer o Brasil crescer [...]. O Brasil voltará a reviver o sonho do Juscelino."
Alckmin foi aplaudido ao afirmar que, se eleito, irá "manter, aperfeiçoar e ampliar" o Bolsa-Família, principal projeto da área social da gestão Lula.
Preocupado com o fracasso da tentativa de aliança com o PFL no DF, Alckmin resistiu o quanto pôde em comparecer à convenção, já que a governadora do DF, Maria de Lourdes Abadia, do PSDB, pleiteia concorrer a vice na eleição em uma chapa com o PMDB, apoiada pelo ex-governador Joaquim Roriz (PMDB).
Em entrevista após o evento, Alckmin minimizou a saia justa. "Torcemos muito para que estivéssemos todos unidos no DF. Infelizmente não foi possível. Vamos aguardar para ver o que a governadora Abadia vai decidir." Ele também negou que sua campanha elevará o tom das críticas a Lula. "O tom da campanha é trabalho."
No palanque, Arruda disse que a campanha crescerá "na hora em que o Brasil conhecer o Geraldo que eu conheço, pai de família, médico carinhoso, excelente governador".
O ato do PFL reuniu cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. A PM informou que 400 ônibus trouxeram público das cidades-satélite de Brasília.
Na TV, PFL faz ataque anônimo de 11 minutos
O PFL usou todos os 11 minutos de seu programa partidário em rede nacional de televisão, ontem, para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhum político pefelista apareceu no programa, e o nome do partido não foi mencionado em momento algum. Ao final do programa, um selo que identifica a sigla foi exibido por apenas seis segundos.
Com estrutura de "documentário", a peça publicitária levada ao ar pelo PFL procurou destacar as relações de Lula com denúncias que atingiram sua gestão. Uma maquete digital do interior do Planalto, por exemplo, ilustrou a proximidade física entre o gabinete da Presidência, a Casa Civil, que José Dirceu ocupou, e uma sala usada pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Um apresentador abriu o programa com o anúncio: "Você vai saber quem comandava o maior esquema de corrupção já desmascarado". Em outro momento, uma atriz disse, em tom de lamento: "Tudo o que o PT e Lula prometeram era só conversa fiada. (...) É duro aceitar tanta decepção."
Ao final, bonecos com rostos de personagens do escândalo do mensalão foram usados para mostrar ligações de Lula com Dirceu, Marcos Valério e "até com Bruno Maranhão", líder do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra).
O programa foi encerrado com o slogan: "Brasil, um país decente. Não merece essa gente". Na internet, o site do PFL passou a exibir uma foto de Lula com os dizeres: "Não falta mais nada... impeachment já".
Berzoini afirma que pefelista age por "desespero"
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, atribuiu ao "desespero" as declarações do senador José Jorge (PFL-PE), vice do tucano Geraldo Alckmin na disputa presidencial, e disse que elas poderão prejudicar mais a própria oposição que o governo. "Estão baixando o nível cada vez mais. O povo brasileiro sabe julgar o comportamento, o caráter e a competência do presidente Lula", declarou Berzoini.
Para o petista, o PFL está repetindo uma estratégia que já utilizou no passado -referência indireta à frase do presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), para quem o Brasil deveria se livrar da "raça" petista.
"O curioso é que eles [os oposicionistas] não aprendem. Todos os sinais demonstram que baixar o nível não ajuda, mas continuam baixando. É problema deles", afirmou o presidente do PT.
Na opinião de Berzoini, a estratégia da oposição é deixar para Alckmin as críticas políticas e para os pefelistas os ataques mais pesados. "Eles podem dividir o trabalho. O Alckmin tenta fazer uma crítica mais política e o PFL faz a tropa de choque".
O PT não deve tomar medidas judiciais contra José Jorge. O Palácio do Planalto não quis comentar as declarações do pefelista.
Entrevista:O Estado inteligente
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