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sábado, junho 17, 2006

Folha de S.Paulo - Brasília - Fernando Rodrigues: Oposição fora do lugar - 17/06/2006

O tempo e as pesquisas dirão se o estilo arranca-toco imposto pelo
binômio Tasso-PFL renderá lucros a Geraldo Alckmin na disputa
presidencial.
Para quem olha a política de perto, fica a impressão de que o
discurso da oposição está fora do lugar.
Por dois motivos. Primeiro, porque a percepção dos eleitores (55%) é
de que o governo Lula é melhor do que o de FHC. Segundo, porque, no
campo ético e moral, o PSDB e o PFL não passam no teste básico de
memória.
Quando PSDB e PFL xingam Lula e o governo do PT de corruptos, o
eleitor olha de lado e pensa: "Eu sei o que vocês fizeram nos verões
passados". Nesse jogo de acusação, a reputação do mensageiro é tão
importante como o conteúdo da mensagem. Com a obscura "lista de
Furnas" pipocando, e o Ministério Público pronto para indiciar uma
penca de tucanos por uso de dinheiro irregular em outras eleições, a
estratégia alckmista tem chance real de fracassar.
É curioso que os marqueteiros e políticos tucanos e pefelês não
tenham estudado a fórmula clássica de campanhas reeleitorais. Quando
o poder incumbente está fortalecido, a saída possível -e difícil- é
procurar um discurso que conduza o eleitor a raciocinar da seguinte
forma: "Acho que hoje eu estou melhor do que há quatro anos. Mas eu
poderia estar melhor ainda, e a saída é votar na oposição".
Atacar um político no poder bem avaliado equivale a classificar de
idiota o simpatizante desse governante. O PFL fez isso anteontem na
TV. Chamou indiretamente o telespectador de ignorante. É claro que a
cabeça do eleitor brasileiro é sempre indecifrável. De repente, a
massa resolve mudar de lado. Mas, até onde a vista alcança, tucanos e
pefelês não poderiam ter escolhido caminho mais errado.

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