Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 17, 2006

Folha de S.Paulo - Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Momento de verdade - 17/06/2006

O torcedor brasileiro está condenado a se preocupar com Ronaldo, um
fenômeno em vários sentidos, desde suas atuações no passado até aos
casos que vem criando ou que criam com ele. Conseguiu uma unanimidade
durante o jogo contra a Croácia: foi o pior, o mais lamentável
jogador em campo. Antes disso, ocupou a mídia com suas bolhas nos pés
e sua resposta malcriada ao presidente Lula, que muitos acharam
oportuna e muitos acharam despropositada. Afinal, a forma física dele
é indisfarçável: está gordo e, em campo, o excesso de peso é visível
para um cego de nascença.
Contudo crucificá-lo é, além de maldade, uma precipitação. Valha-me o
lugar-comum: o futebol é uma caixa de surpresas. Acredito que, pelo
seu brilhante passado, ele mereça continuar na seleção, aos menos nos
primeiros 15 ou 20 minutos de cada partida. Se continuar negando
fogo, pesadão, apático, que seja substituído por Robinho, que, ao
entrar em campo contra a Croácia, eletrizou não apenas o nosso time
mas o próprio jogo.
Fico pensando se não há uma urucubaca montada contra Ronaldo em Copas
do Mundo. Em 1998, na França, ele criou um caso -ou criaram um caso
com ele- no jogo decisivo que valia o título. Caso até hoje não bem
explicado. Lembro que, uma hora antes do jogo, ao entrar na sala de
imprensa do estádio, recebi da Fifa a escalação daquela partida. Não
havia o nome de Ronaldo, mas o de Edmundo. Com a grita do pessoal
estranhando aquela substituição, logo foi providenciada outra
escalação, já então com o nome dele. Como muita gente mais por dentro
do que eu, até hoje não entendi o que houve naquele ano.
Agora entendo o que está havendo com ele. O momento de verdade. Ou dá
a volta por cima ou sai de campo para entrar na história.

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