O Estado de S. Paulo |
1/6/2006 |
O crescimento econômico ontem anunciado está longe dos padrões asiáticos, mas é inegavelmente mais robusto do que o dos anos anteriores. E terá importantes desdobramentos econômicos e políticos. Primeiramente, as apreciações técnicas. É provável que estejamos diante da mudança de qualidade da atividade econômica para melhor. Depois de anos de avanço medíocre, parecem criadas as condições para nova aceleração, agora sobre bases mais confiáveis: inflação sob controle, dívida pública mais suportável, juros relativamente mais baixos e maior solidez das contas externas. Não dá ainda para cantar vitória porque a consistência do ajuste fiscal não é lá essas coisas. Mas o rumo é o de um crescimento bem mais sustentável. Há, é verdade, uma crise fervendo no mercado internacional que pode desembocar numa forte recessão no mundo industrializado. Se isso se confirmar, a quebra das encomendas ao Brasil poderá conter o progresso. Mas esse impacto não seria para já. Seria para 2007 ou 2008. A economia mundial é um transatlântico em velocidade cruzeiro que leva um bom tempo para ser freado. Por isso, o PIB brasileiro deste ano ainda vai tirar proveito dos giros da roda que empurra a economia global a uma velocidade de 4,9%, como mostram as projeções do FMI. Se o avanço do PIB nacional no primeiro trimestre sobre o anterior, de 1,4%, fosse projetado para o ano inteiro, teríamos em 2006 um crescimento do PIB brasileiro de 5,7%. Mas a economia não se comporta como vaca holandesa, que dá todos os dias mais ou menos a mesma quantidade de leite. É mais como poço de sertão, que às vezes dá boa água e, outras, pouca ou nenhuma. De todo modo, não seria descabido esperar para este ano um avanço do PIB alguma coisa entre 4,0% e 4,5%. Bons motivos calçam essa expectativa: (1) há o bom crescimento mundial com que se pode contar, como ficou dito; (2) o aumento das despesas do governo federal (em parte em conseqüência do reajuste do salário mínimo em 16,7% que começou a ser pago em abril) tem o lado ruim de ameaçar o equilíbrio das contas públicas, mas estimulará o consumo no segundo semestre; e há os juros básicos, agora nos 15,25%, o mesmo nível de janeiro e fevereiro de 2001, que tendem a empurrar o crédito e o consumo. Outro número importante das Contas Nacionais é o que revela o comportamento do investimento, que os técnicos chamam de Formação Bruta de Capital Fixo. Foi uma esticada de 9,0% em 12 meses que, desta vez, não se restringiu à boa fase da construção civil, mas estendeu-se ao setor de transformação. Esse é um dado relevante na medida em que o aumento do consumo está sendo acompanhado de crescimento da capacidade de produção, o que tende a afastar riscos de inflação de demanda. O lado negativo é a virada no comportamento do setor externo, na medida em que as importações passaram a crescer bem mais rapidamente (15,9%) do que as exportações (9,3%). Do ponto de vista político, dá para farejar três conseqüências. A primeira delas é que esse progresso mais sólido esvazia boa parte do argumento eleitoral a que a oposição vinha se apegando: o de que o atual governo só cuida do combate à inflação e abandonou a produção à sua própria sorte. O presidente Lula poderá agora munir-se de gráficos coloridos e demonstrar o contrário: a kombi não andava porque estava com o motor queimando óleo; como retificamos o motor, agora vai andar - vai dizer ele. No bojo da mesma demonstração, enfraquecem-se as pressões para que o Banco Central derrube os juros a qualquer preço a fim de garantir mais produção e mais emprego. Não interessa qualquer avanço; tem de ser sustentável - martela o mantra do Banco Central. E tem a militância do PT, inconformada com o que entende por turrice do presidente Lula em se aferrar a uma política econômica estagnante. Lula vai repisar a essa gente que, entre combater a inflação e estimular surtos de crescimento, ficou com a primeira opção, não só porque eleitoralmente é bem mais promissora, como também porque não há progresso econômico consistente enquanto a inflação seguir roendo o salário do trabalhador. |
Entrevista:O Estado inteligente
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